terça-feira, setembro 22, 2009

As ovelhas negras de Copenhague

Talvez quem tenha lido o meu post anterior tenha ficado surpreendido pelo que contei sobre a China e a Índia relativamente às medidas de desenvolvimento tecnológico e industrial para as energias renováveis que aqueles países encetaram desde Kyoto - que, no entanto e inteligentemente, não subscreveram.
Dizia eu lá ontem que era provável que a China aparecesse agora em Copenhague a defender a descarbonização das economias. E hoje aí está!

Quem vai arrastar os pés são os EUA e o Terceiro-Mundo, sobretudo o do Hemisfério Sul.

O Terceiro-Mundo do Sul porque acha que esse problema não é nada com ele. Talvez estejam dispostos a ouvir falar do assunto, se houver dinheiro na mesa... e nisso vão ter o apoio activo - e fatal, para um possível acordo global - dos ecotópicos, os ecologistas que só são pela descarbonização porque são sim anti-globalização e anti-indústrialização.

Os EUA porque perderam a maior parte do tempo decorrido desde Kyoto a não fazer nada quanto ao assunto, com o negacionismo de Bush. E, mesmo agora, ainda estão a encetar os debates, com os ecotópicos na ofensiva e os realistas ainda muito atrasados - veja-se esta notícia do dia, sobre as primeiras experiências no terreno e a oposição que suscitam, da tecnologia de captura do CO2 das centrais a carvão, uma tecnologia absolutamente necessária e inevitável!
Os EUA hão-de também acabar por aderir ao esforço mundial, mas não vão de certeza liderá-lo nos próximos anos, como o desejava o Presidente Obama.

Com grande probablidade, quem vai liderar o processo nos próximos anos é a China, cuja capacidade industrial e ambição estratégica de liderança mundial não encontram nada que se lhe compare a Ocidente!

Talvez o Japão, a Coreia e a Índia lhe façam frente.
Mas, de uma forma ou de outra, o vento sopra do Oriente!

2 comentários:

Anónimo disse...

Os "ventos" que sopram de oriente são os benefícios de uma visão a longo prazo e não apenas de 4/5 anos.

Na Europa apenas a Alemanha parece escapar às visões de curto-prazo e muitas vezes utópicas da realidade.

Nos EUA e Reino Unido a "financeirização" da economia já destruiu o que existia de visão de longo prazo em detrimento de relatórios trimestrais, semestrais ou anuais (enfim... estratégias de curto-prazo).

Concordo com o autor. Sem dúvida o "vento" sopra mesmo de oriente.

Pinto de Sá disse...

Não diria que apenas a Alemnha tem, na Europa, uma visão a longo prazo.
Diria mesmo que, na Europa, quase todos têm uma visão de longo prazo, e o exemplo mais importante para nós é o de ESPANHA!
Nem todos têm, na Europa, é ambições de liderança. E aí é que sim, têm-nas a Alemanha, a ESPANHA, e também a França - esta, noutro domínio de tecnologias energéticas: o nuclear. Mas os "ventos" ideológicos não a ajudam muito , pelo que a França está, e de momento, com "low profile". Mas só de momento, porque em breve a França será a única alternativa ocidental aos nucleares asiáticos.