sexta-feira, novembro 27, 2009

Mais um negócio renovável, desta vez em convergência central

E não é que o Eng.º Ângelo Correia, Presidente da Foment Invest, converge com a política energética do Governo não só por opinião expressa, como pelo arrecadar de alguns euros aos portugueses, através do défice da EDP?
Pois é verdade. Acaba de ser assistido pelo Primeiro-Ministro em pessoa na inauguração da sua central solar urbana, a "maior do mundo" no seu género (que bom pertencer-se a um país de vanguarda assim!), uma central de 6 MW de " pico" cujo investimento orçou em 31 milhões de €, portanto a 5,15 mil € /Kw de "pico".
Central que, como a da Igreja de Fátima (que custou quase o mesmo por kw de "pico") só produzirá em média 15% desses 6 MW, ou 900 kW, sobretudo no Verão e só de dia, claro. Pelo que o custo da unidade de energia assim gerada superará os 40 ç/kwh, quase o triplo do que o próprio consumidor paga à EDP, mas que esta é obrigada por Lei a comprar!

Diz a notícia que esta energia dá para "abastecer 12 mil portugueses" - por uma vez, as contas estão certas. Só que não os abastece quando eles precisam, à noite...
E qual a incorporação portuguesa na central? O montá-la, o que demorou poucos meses! Quantos empregos criados? 100 durante a montagem, de Janeiro a Agosto.
Quanto à independência energética (eléctrica) assim obtida, convém não esquecer que os 31 milhões de € vieram certamente da Banca (quiçá em empréstimo politicamente bonificado), que por sua vez se financiou na Europa, a quem ficámos a dever; uma simples troca de dependências, mas se medida em €, para muito pior!...

3 comentários:

Jorge Oliveira disse...

Conforme se pode ler através deste link

http://ecotretas.blogspot.com/2009/11/somos-os-maiores-outra-vez.html

o autor do blog Ecotretas descobriu que a central fotovoltaica do MARL não é a maior do mundo em ambiente urbano, como proclamou o nosso Primeiro Ministro.

Sempre presente, aquela difícil relação com a verdade...

Pinto de Sá disse...

O facto de afinal não termos a "maior central solar urbana do mundo" e do record ser espanhol não é nada que nos deva empolgar a "melhorar" neste aspecto!
Em 1º lugar Espanha, "o irmão pobre da Europa", não me parece ser grande modelo para nós. Ambicionar copiar a Espanha quando, antigamente, copiávamos a França, é um evidente "downgrade" e quem tem ambições médíocres é medíocre.
Em 2º lugar esta central solar espanhola foi aprovada num tempo em que política subsidiante espanhola ainda fazia algum sentido, porque a Espanha há décadas que fabrica painéis solares! Mas mesmo a indústria solar espanhola já não consegue competir com as emergentes, e por isso o Governo espanhol acabou com estes subsídios em Maio.
Nós continuamos.
É que se a Espanha é o "irmão pobre da Europa", Portugal é já a "província pobre de Espanha", uma espécie de Galiza do Sul!

Anónimo disse...

Só espero é que não exista nenhum politico que ao ver esta noticia não se lembre de dar mais uns subsídios para ter a maior central foto-voltaica em ambiente urbano (que nome tão pomposo). E assim não aumentar o preço da energia eléctrica.

Pode ser que Portugal volte a imitar a Espanha e termine com os subsídios às eólicas. Desta vez não seria mal imitado...

PS: O melhor mesmo era ter uma estratégia coerente para esta área com base em estudos. E não em demagogia.