quarta-feira, abril 14, 2010

Urânio a preço de saldos - II

Há pouco mais de 2 semanas saudei o novo acordo de desarmamento nuclear entre os EUA e a Rússia com a observação, admito que um pouco cínica, que isto ia transferir mais urânio para re-empobrecimento e uso pacífico em produção de energia e pô-lo a preços de saldo.
Mas o meu cinismo não era descabido: os EUA e a Rússia assinaram hoje novo acordo sobre como vai ser processada essa utilização de 68 toneladas de Plutónio, e vai efectivamente ser para a produção de energia!
Entretanto, simultaneamente, a Cimeira de 47 países para o Nuclear acaba de concordar nos termos requeridos para evitar que "os terroristas tenham acesso ao plutónio e ao urânio enriquecido necessários para fazer armas". Trata-se de um acordo há muito encarado como pré-requisito para o renascimento mundial do nuclear. Ou seja, e retomando a veia cínica: chegaram a acordo sobre como controlar o comércio mundial das 68 toneladas de Plutónio que entretanto a Rússia e os EUA acordaram converter em energia barata.
Sinal inequívoquo do que há meses anunciei, no rescaldo da Cimeira de Copenhaga: os EUA  e a Rússia vão apostar é na tecnologia da energia nuclear (com o Japão, a Coreia, o Brasil e a África do Sul se esta se não desconjuntar), e vão deixar a Alemanha (e os "verdes" europeus) a enfrentarem a sua Estalinegrado eólica/solar contra a China!
Querem apostar?

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro Professor,
Está na altura de abordar o tema dos resíduos nucleares.
É preciso desmitificar este problema duma vez por todas, reduzindo-o à sua verdadeira dimensão, e relativizando-o por comparação com outros resíduos produzidos pela Humanidade.
Uma metodologia possível:
0. quantidade e tipo de lixo gerado por uma central nuclear,
1. conceito de risco,
2. significado do ALARA,
3. efeitos da radiação na saúde humana,
4. radiação
a) duração,
b) propagação,
5. soluções para os 3 tipos de lixo nuclear.
Quanto à substância dos vários pontos ocorrem-me várias referências:
Radioactive Waste Management – James SALING and Audeen FENTIMAN,
Nuclear Reactor Engineering – Samuel GLASSTONE and Alexander SESONSKE,
Evaluation of rhe effects and consequences of major accidents in industrial plants – Joaquim CASAL.

Anónimo disse...

Solução para o "lixo" nuclear
http://www.intellectualventures.com/terrapowervideo.aspx

A ciência e a politica não são neutras!!!!!

Pinto de Sá disse...

A proposta da "TerraPower", a actual grande aposta visionária de Bill Gates, é apenas uma variante dos reactores de 4ª geração que, como já expliquei por aqui, consumirão os resíduos de plutónio e o urânio 238 das centrais actuais (e das ogivas militares).
A proposta da TerraPower é um novo tipo de reactor, dito de "ondas móveis". Um dia destes falarei disto aqui com detalhe.