quinta-feira, setembro 30, 2010

Uma Investigação no IST que obteve resultados "incorrectos"

Nuno Crato, um dos cavaleiros solitários que se devotou à defesa da educação do nosso povo contra o "eduquês", referiu no último Expresso um interessante paper publicado por estudantes do IST, em parceria com Carnegie-Mellon.
O que o paper relata são os resultados de um estudo "econométrico" que analisou matematicamente os efeitos, de 2005 para 2009, da introdução da Internet em 900 escolas portuguesas, concomitante à oferta dos Magalhães, em alunos do 9º ao 12º anos.
E que resultados são esses?
Pois, que os alunos pioraram substancialmente de aproveitamento, que pioraram tanto mais quanto mais fracos já eram, e sobretudo nos rapazes. Porque os computadores, naquela idade e sem uso controlado, são sobretudo uns brinquedos que servem para distraír e divertir, e não uma ferramenta de trabalho.
Estes resultados não são inesperados, todavia. Já aqui mencionei como, há já uns 20 anos, quando apareceram os Spectrum (uns microcomputadores ainda sem disco)  e em Portugal havia grande entusiasmo com o projecto Minerva, que desenvolvia ferramentas didácticas para uso em computador, o IEEE publicou um estudo sobre o impacto dos computadores na educação precoce. E esse estudo já então concluía o mesmo: que os computadores só melhoravam os resultados dos que já eram bons alunos, e que pioravam os dos que o não eram.
Aliás, calculo que seja uma experiência que já todos terão feito: a oferta pelo Natal ou aniversário de um programa de computador didáctico a um miúdo cábula - não se lhes pode dar castigo mais cruel, como o desapontamento deles ao receber a prenda decerto vos terá mostrado...

Confesso que me surpreende que a FCT tenha financiado uma investigação com resultados tão politicamente incorrectos... mas ainda bem! Espero que continue!
Pena é que os nossos "eduquesadores" nunca tenham lido sobre este assunto a revista IEEE on Education...

2 comentários:

RF disse...

Sem querer entrar na discussão sobre a vantagem ou desvantagem da introdução da Internet e dos computadores nas escolas não posso deixar de reparar as bases em que se realizam tamanhas conclusões.

Este estudo infere que a introdução da Internet/computadores leva a pior aproveitamento porque, basicamente, as notas dos alunos nos exames nacionais do 9º ano piorou.

Ora esta conclusão parece-me demasiado redutora. Os exames medem apenas uma parte das competências adquiridas pelos alunos e não são comparáveis entre anos. A introdução da informática na escola é apenas um factor, entre muitos outros, que contribuem para o rendimento da educação.

Não quero com isto discordar de alguns factos referidos, como o factor de distractibilidade que a informática provoca, entre outros.

RF

tempus fugit à pressa disse...

pois a lucidez infelizmente não anda pelas bandas do soporífero professor de matemática e Al gore da educação global.... não posso deixar de reparar as bases em que se realizam tamanhas conclusões.

Este estudo infere que a introdução da Internet/computadores leva a pior aproveitamento porque, basicamente, as notas dos alunos nos exames nacionais do 9º ano piorou.
lá por terem computadores na escola
o seu uso é vestigial
em relação ao que fazem em casa

inferências ou interferências?
é a fusão fria da educação?
há uns anos também se faziam estudos sobre a azinheira como fóssil económico

palavras engraçadas mas sem sentido