quinta-feira, fevereiro 03, 2011

O Templo climático e os sacrifícios humanos VS o projecto CLOUD no CERN

Em muitas civilizações antigas praticavam-se sacrifícios humanos.
Nas civilizações Azteca, Maia e Inca, são bem conhecidos os assassínios rituais (geralmente de crianças) como forma rotineira de influenciar a sorte da vida e em especial o clima, oferecendo aos Deuses. O filme Apocalipto popularizou o conhecimento dessas práticas.
Mas, por toda a Antiguidade desde a Pré-História, praticaram-se sacrifícios humanos: Jeová pediu a Abraão que sacrificasse o próprio filho (tendo depois comutado o pedido no sacrifício de um carneiro), e a lenda diz que Cartago sacrificou todos os primogénitos quando soube que Cipião desembarcara com as suas legiões em África (os romanos, aliás, desprezavam profundamente a prática de sacrifícios humanos destes e outros "bárbaros", como os gauleses).
Nas civilizações que triunfaram, em regra as práticas de sacrifícios humanos acabaram nos primórdios (como no Egipto), mas na Índia regiões houve em que ainda se praticavam no sec. XIX, tal como em África em regiões não islamizadas nem cristianisadas.

Tendo ocorrido de forma tão generalizada em tantas regiões e comunidades humanas que não comunicavam entre si, ocorre pensar que há algo de universal na psicologia humana que promove a prática auto-sacrificial como forma de lidar com fenómenos catastróficos cuja causa se desconhece. Um extraordinário romance que li na adolescência descreve essa psicologia: "A um Deus desconhecido", de Steinbeck.
A personagem central, um farmer da Califórnia, desenvolve uma relação imaginária com os elementos da Natureza com que lida, elegendo uma árvore particular para representante do espírito que vai atribuindo a esses elementos e, no fim, arruinado por uma seca devastadora, abre os pulsos perante a árvore que escolhera como altar, num auto-sacrifício visando o regresso da chuva...
Pessoalmente penso que este tipo de pensamento mágico está muito mais disseminado entre nós do que se pensa, e que pode ser identificado em inúmeros negócios que o exploram como, num exemplo entre tantos outros, os produtos dietéticos (caros e de mau paladar) para quem precisa de emagrecer...

Ora vem isto tudo a propósito de me ocorrer que, também na questão do Aquecimento Global e das medidas auto-punitivas que certas correntes advogam para o "acalmar", se observa o mesmo tipo de pensamento mágico e de irracional sentimento de culpa que Steinbeck narrou no A um Deus desconhecido.
A questão é que, como já em tempos aqui notei a partir dos próprios relatórios do Painel climático Inter-governamental da ONU (IPCC), mesmo admitindo que o Aquecimento Global em curso resulta da emissão de Gases causadores de Efeito de Estufa, a parcela resultante das emissões pela produção mundial de energia eléctrica e pelos transportes rodoviários é de... apenas 20%! Só as emissões pelos incêndios florestais emitem tanto como todas as centrais eléctricas de combustíveis fósseis e todos os automóveis e camiões do mundo juntos!!!... e isto sem falar do mau uso do solo criado pela explosão demográfica!...
Neste contexto, como explicar o afã com que os ecotópicos nos procuram aterrorizar com degelos terminais e cheias apocalípticas, se nós e a Ásia não reduzirmos o consumo de energia e o uso do automóvel, a não ser pelo mesmo tipo de pensamento mágico e invocação auto-sacrifical pré-científicos?
Na verdade, ocorre-me que o verdadeiro terror que se instalou nos centros europeus donde emanam estas directivas não é o das tais cheias e dilúvios, mas sim o da... poluição asiática. Ou melhor: o do fim da Europa como centro do Mundo e o da emergência da Ásia que bem gostariam de ver voltar aos seus antigos consumos...!
E, contra isso, reagem com estes auto-sacrifícios de energia renovável caríssima e, se não reagirmos, em breve a medidas punitivas do uso do automóvel não-eléctrico (portanto, do automovel tout court...). Ideias para que tentaram arrastar o resto do Mundo em Copenhaga mas que, como era evidente aconteceria, a Ásia ignorou soberanamente!

Entretanto, recordo, tudo isto assenta no pressuposto de que o Aquecimento Global é o produto da emissão de Gases causadores de Efeito de Estufa, portanto de causas antropogénicas. Ora isto está longe de ser matéria científica inquestionável!
Sem me querer alongar sobre este tema, diria apenas que um reputadíssimo cientista, o Prof. Jan Veizer, Professor emérito de Geologia da Universidade de Otawa, um eslovaco de origem que fugiu aos 27 anos da Checoslováquia em 1968 e que mais tarde ganhou reputadíssimos prémios internacionais, tem ligado o seu trabalho geológico à estimativa da incidência de raios cósmicos de origem galáctica ao longo da História do planeta, e verificado correlações quase perfeitas entre essa radiação e a variação a longo prazo do clima, assim desafiando a perspectiva limitada do IPCC, que reduz tudo aos Gases de Efeito de Estufa (os quais, a propósito, não conseguem explicar as passadas Idades do Gelo ou o Clima tropical dos pólos no tempo dos dinossauros).
Um resumo em poucas linhas da perspectiva de Jan Veizer pode ser encontrado aqui, e um excelente artigo de 4 páginas seu, de 2009, aqui. Um outro artigo seu de 2005, mais "pesado", mostra como esta teoria pode explicar também as variações de temperatura dos últimos 4 biliões de anos, muito anteriores à própria existência da Humanidade.

Resumidamente: existe uma correlação inquestionável entre a intensidade da radiação cósmica que atinge a Terra e a respectiva temperatura, ao longo dos tempos. O que faz variar essa radiação cósmica, e como afecta ela a temperatura da Terra?
A fonte da radiação cósmica tem origem galáctica, e estima-se que a ocorrência de supernovas, assim como regiões de mais gás interestelar encontradas durante a rotação da galáxia (que tem um período de 200 milhões de anos) teriam um papel determinante na sua intensidade, mas a actividade variável do Sol e o campo magnético terrestre são cruciais na determinação de quanta dessa radiação atinge a Terra.
E como afecta a radiação cósmica o clima da Terra? Pois, isso ainda não se sabe ao certo, mas há uma teoria candidata: essa radiação ioniza moléculas de ar que por sua vez induzem a condensação da humidade atmosférica e a formação de nuvens, as quais reflectem a luz do Sol. Assim, quando aumenta a radiação cósmica que atinge a Terra, também aumenta a formação de nuvens, e com isso a Terra arrefece, acontecendo o contrário quando essa radiação diminiu, como está a acontecer desde há décadas (mas não na última década). 1% a 2% de diferença na taxa de formação de nuvens será suficiente para provocar grandes alterações climáticas.
Que falta para comprovar esta teoria? A prova experimental de que os raios cósmicos de alta energia podem, com efeito, induzir a condensação de humidade e a formação de nuvens.
E essa experiência é precisamente o objectivo do projecto CLOUD em preparação no CERN há já mais de uma década, mas de ensaios cruciais a realizar neste ano de 2011 e nos próximos. Toda a ideia subjacente pode ser lida aqui (a figura anexa mostra o equipamento para as experiências do CLOUD).
Os primeiros resultados foram apresentados há poucas semanas, mas, algo inexplicavelmente, ainda não são conhecidos.
De qualquer modo, os cientistas do CLOUD não negam que os Gases de Efeito de Estufa sejam um factor no Aquecimento Global; o que argumentam é que, pelo menos, não são o único factor! A redução da radiação cósmica terá no actual Aquecimento Global entre 45% e toda a responsabilidade, mas isso terá ainda de ser melhor contabilizado!...
Entretanto, os ataques furiosos e muitas vezes ad hominem que se desencadearam contra estes cientistas são de espantar! Ou talvez não...
É que, tal como nas antigas civilizações Maia, Azteca e Inca, ao medo do inexplicável e aos sacrifícios humanos vinha associado poder - o poder dos sacerdotes - assim o mesmo acontece com os líderes ecotópicos!
E, se não é difícil compreender que os sacerdotes Maias não gostariam de ver aparecer alguém a dizer que os sacrifícios humanos que eles executavam eram inúteis e que mais valia fazerem sistemas de irrigação que prevenissem a ocorrência de épocas de mais chuva ou de mais seca, também os novos sacerdotes do Templo climático se encarniçam por todos os meios contra o que possa ameaçar o poder político que conseguiram!
E, ao lado desses sacerdotes, estão todos os interesses instalados, tal como apoiando os sacerdotes Maias estariam os construtores de altares para sacrifícios, os afiadores das facas de execução e os caçadores de vítimas (como o filme Apocalipto romanceia)...
P.S.: a teoria de que a redução da radiação cósmica teria toda a responsabilidade no Aquecimento Global resulta da ideia de que as nuvens geradas pelo aquecimento planetário de origem humana teriam um feedback negativo no clima: o aquecimento de origem humana provocaria mais evaporação, mais nuvens, mas estas, ao reflectirem o Sol, tenderiam a arrefecer o planeta, assim contrariando o efeito humano sobre a Temperatura da Terra.

25 comentários:

João Paulo Magalhães disse...

Excelente artigo. Informativo e - nos dias que correm - corajoso.

É também digna de nota a analogia que faz para os ritos sacrificiais. Infelizmente, os sacerdotes já conseguiram inculcar o medo nas hostes. E quando este se instala, é preciso muito - mesmo muito - até que passe: o medo do que não percebemos é sempre maior e mais poderoso, e deixa-nos receptivos a "salvadores" que nunca deixam de aparecer. Assim, parece inevitável que venham a ocorrer alguns ritos sacrificiais. Que sejam poucos e pequenos é o que se deseja.

Carlos Portugal disse...

No caso dos selvagens aztecas, apareceu-lhe o Fernando Cortez pela frente. Os espanhóis, apesar de sanguinários, ficaram tão horrorizados com a matança de dezenas de milhares de desgraçados que subiram à pirâmide sacrificial e passaram à espada todos os sacerdotes e lacaios daquele horror. O que pode ser considerado quase como justiça divina.

Agora, quanto a estes fanáticos ecotópicos, quem os poderá passar à espada?

E parabéns pelo soberbo artigo. Dos melhores que tenho lido!

Lura do Grilo disse...

"Eu sou a chuva" ... "Eu sou a Terra" dizia quase exangue Joseph Wayne quando a chuva começava a cair.

Também li o livro.

Agora vive-se também, como já postei no meu blog, um novo paganismo à "Pacha Mama": a mãe Terra (Evo Morales). No Brasil protegem-se tribos que vivem quase no paleolítico e que praticam o infanticídio.

O Homem é uma "nódoa" na Terra a qual estaria bem melhor sem ele. A beleza da Terra só pode ser preservada se quem admira a sua beleza sucumbir e for eliminado. Esta maneira de pensar leva a afirmações absolutamente bárbaras propondo a eliminação de metade da população humana.

Mas na verdade só há recurso que a humanidade tem como renovável e inesgotável: a Inteligência Humana.

Anónimo disse...

é tudo o que o sr. Carlos Portugal "extraiu" do artigo do José Luis de Sa? Parabéns!

Francisco Domingues disse...

Caro Professor,
Não posso deixar de lhe dar os parabéns: sempre que venho ao seu blog, fico admirado com o muito e o bem que escreve em termos técnicos, informativos e científicos. É muito do seu tempo dedicado à Ciência e à Sociedade, não há dúvida!
Se o artigo sobre o automóvel eléctrico é claríssimo, já não entendi muito bem esta sua ideia de misturar incêndios florestais, produção e energia eléctrica a partir dos combustíveis fósseis, transportes rodoviários - e não mencionou os vulcões - como causadores do efeito de estufa, logo, do aquecimento global, comparando depois com as radiações galácticas ainda em estudo. O nosso grande problema, creio, é que a vida é curta e cabe-nos a nós como habitantes esporádicos terrestres deixar a Terra pelo menos tão "limpa" como a encontrámos para que seja habitável, logo pelos nossos filhos e netos. E, para tanto, há que lançar mão de tudo o que estiver ao nosso alcance: prevenção de incêndios e diminuição das fontes de emissões de gases com o tal efeito de estufa. Claro que é sempre uma questão custo-benefício, podendo acrescentar-se o nível de vida a que todo o ser humano tem direito. Mas acha que há possibilidade de haver qualidade de vida para estes quase 7 mil milhões que já são espécie infestante, destruindo muitas outras diariamente, animais e vegetais? A maior parte por invasão do seu habitat ou pela poluição da terra, água e ar?
Dentro desta linha, gostaria de convidá-lo para uma luta, em princípio utópica, a de mudar os modelos económico-financeiros actuais que, para mim, são os causadores de muitos - ou todos?! - dos males que contaminam o mundo e as sociedades.
A explicação é longa. Sobre o assunto, vou escrevendo no meu blog "Ideias-Novas". A sustentabilidade a nível global é a palavra-chave. Estará interessado em alertar para o assunto?
Saudações
Francisco Domingues

Carlos Portugal disse...

Ò caro Anónimo das 12:18: é claro que não! Aliás, sou colega de profissão do Prof. Luís de Sá, e creio bem que ele entende perfeitamente o que eu quis dizer. O resto, subentende-se sem mais palavras. Os fanatismos espalham-se como fogo de palha, tanto no passado como no presente, afinal ainda tão primário como o paleolítico, em muitos aspectos.

E, se o caro anónimo se sentiu atingido pelo meu comentário, tenho muita pena, mas a minha simpatia pelos novos talibãs «verdes» fica-se por aí.

Muito boas tardes.

Francisco Domingues disse...

Abordando novamente este texto - aliás todo o blog - nota-se à evidência um parti-pris contra as energias renováveis, dizendo-se até que são os interesses instalados que as defendem e promovem em detrimento de fontes mais baratas e mais rentáveis: petróleo, gás, carvão. Criadoras do efeito de estufa, mas rentáveis! Ora, perguntava: não há nada a dizer sobre os interesses das petrolíferas, das gasíferas e das carboníferas? Actividades que, aliás, empregam milhões em todo o mundo e são altamente rentáveis para os seus proprietários, gerando as maiores fortunas conhecidas? E se o Aquecimento Global se verificar catastrófico, como parece, não deverá ser combatido por todos os meios ao alcance do Homem? Nitidamente, parece-me que ser fundamentalista contra ou a favor das renováveis não leva a lado nenhum. A palavra de ordem deveria ser: desenvolvam-se cada vez mais as renováveis e diminuam-se cada vez mais as poluidoras. Doa a quem doer! Claro que as petrolíferas tudo irão fazer para o impedir! Interesses, claro! É o caso também do nuclear: Portugal só perde em ser fundamentalista contra: tem os malefícios ali da vizinha Espanha, em Almaraz, e nenhum benefício. Ao menos que se construisse uma em frente, deste lado da fronteira! Era, no mínimo, sensato!
Francisco Domingues

Lura do Grilo disse...

Sobre a tal Tribo dos ambientalistas de pacotilha, dos ecologistas de secretária, dos voluntaristas descerebrados, dos militantes da imbecilidade e a malta das "fezadas" aqui fica um artigo que mostra a barbárie subjacente do paganismo "Mãe Terra":

Was Genghis Khan history's greenest conqueror?

http://www.mnn.com/earth-matters/climate-weather/stories/was-genghis-khan-historys-greenest-conqueror#comments-73884

Anónimo disse...

Nitidamente, parece-me que ser fundamentalista contra ou a favor das renováveis não leva a lado nenhum. A palavra de ordem deveria ser: desenvolvam-se cada vez mais as renováveis e diminuam-se cada vez mais as poluidoras. Doa a quem doer!
Não será isto fundamentalismo quando:
a) O preço a pagar é ruinoso para o país até que as ditas renováveis sejam competitivas, como tem aqui sido demonstrado pelo Prof Luís de Sá?
b) O aquecimento global não tem nada a ver com o CO2 antropogénico, como se pode confirmar nos exemplos dos diferentes períodos históricos (período quente romano, período quente medieval, décadas de 30 e 40 do sec. passado)?

Concordo com a opção nuclear, quanto mais tarde pior. Concordo com medidas anti-poluição nas cidades que não passam forçosamente pela adopção dos carros eléctricos (a não ser quando a autonomia e custo dos eléctricos se equipare aos de combustão ou híbridos).

Acompanho o projecto CLOUD desde a sua apresentação pública. É uma lufada de ar fresco nas opções de investigação sobre as variações climáticas, precisamente porque se atreveu questionar o fundamentalismo dos cientistas alarmistas climáticos para quem o CO2 antropogénico é (erradamente) a causa inquestionável do aquecimento actual.

António

Anónimo disse...

Fantástico. Fico espantado pelos juizes de valor que o professorado faz de uma civilização mesmo que sanguinária. Os espanhois elimiram 75% da população Asteca e Inca, tudo pela cobiça. Condenaram estes povos a uma vida centenas de vezes mais miserável do que aquela que tinham até aí e agora vem um professor iluminado resumidamente dizer que pode ser considerado uma justiça divina. Só mesmo pra rir....coitados.

Pinto de Sá disse...

A este último Anónimo: "vem um professor dizer que pode ser considerado uma justiça divina"... onde é que isso está dito?
O seu comentário é daqueles que pela sua imbecilidade não devia ser publicado, mas faço-o pela oportunidade que me dá de desmentir essa ideia muito multi-culturalista de que os espanhóis eliminaram 75% da população índia.
A chegada dos espanhóis à América Central, tal como a dos europeus à América do Norte e a dos portugueses ao Brasil, efectivamente levou a morte em massa aos índios. Mas não por qualquer acto de guerra ou assassínio.
A morte em massa dos índios decorreu da sua falta de imunidade às doenças levadas pelos europeus. No caso da América do norte pela varíola, no México pelas doenças contagiadas pelo gado europeu ao dos índios.
Não é que os europeus fossem una anjos, mas o post não tem nada a ver com isso, e sim com sacrifícios humanos e animismo. Não percebeu?

Anónimo disse...

"Carlos Portugal disse...
No caso dos selvagens aztecas, apareceu-lhe o Fernando Cortez pela frente. Os espanhóis, apesar de sanguinários, ficaram tão horrorizados com a matança de dezenas de milhares de desgraçados que subiram à pirâmide sacrificial e passaram à espada todos os sacerdotes e lacaios daquele horror. O que pode ser considerado quase como justiça divina."

Meu caro,não me referi a sí e até sigo com curiosidade o seu blog. Acho-o bastante interessante e digno de ser seguido.

Quanto aos Incas e Astecas, é verdade aquilo que disse. As doenças europeias dizimaram bastantes indigenas destes impérios. No entanto a cobiça espanhola condenou estes povos à miséria e à escravidão. Basta referir a matança que se deu por o imperador inca ter atirado com a biblia para o lado. Tudo aquilo que os espanhois fizeram foi em nome do ouro e da fé cristã e não há nada mesmo nada que desculpe o genócidio que se seguiu. Se o quer ocultar a culpa não é minha.
No que respeita aos Astecas passou-se exactamente a mesma coisa, a imparável destruição de uma cultura e de uma civilização foi evidente, basta referir os esboços feitos pelos monges para ter uma ideia do genocídio perpretrado pela cristandade. Se o quer ocultar, é consigo, mas o que me parece é que se tenta constatemente desculpabilizar os crimes cristãos no mundo novo. Genocídio é genocídio. Quanto aos Apocaliptos, por muito que estes povos tivessem costumes absurdos, é também verdade que tinham um avanço tecnológico de fazer inveja aos europeus. Dou-lhe um exemplo, a cultura hidropónica foi inventada pelos astecas. Voltando ao Apócalipto devo dizer, que pessoas com uma cultura acima da média nunca deviam ter um filme mediocre como referência que simplesmente diaboliza toda uma civilização, mesmo que tenha alguma correspondência com a realidade.

O comentador citado disse que os espanhois " ficaram tão horrorizados com a matança de dezenas de milhares de desgraçados que subiram à pirâmide sacrificial e passaram à espada todos os sacerdotes".... até parece que o sespanhois se relaram muito como que viram. A guerra entre astecas e espanhois só teve uma vitória destes últimos porque Montezuma levou as profecias demasiado a sério.

Anónimo disse...

Caro Professor,
O professor que falou na justiça divina foi o Carlos Portugal.
Sobre os índios, sugiro-lhe uma visita, agora - pleno século XXI - a uma das reservas nos EUA em que 100% da população está desempregada e é alcoólica! Veja o que fazem hoje àquela gente e imagine o que fizeram no passado...
Acrescento que sou um anónimo diferente daquele a quem respondeu, e também que já aprendi muito neste blog!
Para acabar, e uma vez que não sabe nada sobre mim, agradeço que não me chame fundamentalista, imbecil ou autodidata. Obrigado.

João Anónimo

Anónimo disse...

Para quem tiver disposição, ou gosto, em leituras «mais densas» sobre este assunto:

http://arxiv.org/PS_cache/arxiv/pdf/1005/1005.4639v1.pdf

http://arxiv.org/ftp/arxiv/papers/1007/1007.2099.pdf

Admite-se que quando a nossa galáxia se formou poderia ocorrer uma supernova por ano, tendo esse número vindo a cair até hoje para uma frequência de menos de uma por cada dez anos, ou até por cada cem anos… Sobre este assunto e o respectivo impacte no aparecimento da vida, sugiro a leitura do (menos denso) «Impossible extinction» de Charles S. Cockell.
JM

Anónimo disse...

Caro Professor:
Já aprendi muito neste blogue, mas se há uma coisa que eu não consigo suportar no seu registo é a sua tendência natural para criticar tudo, sem no fim se perceber com que objectivo.
Neste post faz uma comparação a meu ver desnecessária de rituais assassinos com o esforço que de cada um de nós deve de fazer para poupar energia eléctrica. O que é facto é que andamos há muito tempo a viver muito a cima das nossas necessidades. Vivemos num planeta finito, com recursos finitos e crescimentos exponenciais de população são, no máximo, matematicamente impossíveis. É infantil pensar o contrário. Poupar energia e recursos é fundamental para que eu possa garantir às minhas futuras gerações que terão pelo menos as necessidades básicas como garantidas.

Neste post refere também que a radiação cósmica pode influenciar o clima e fundamenta a sua tese de forma clara e verosímil. Sim o aumento de formação de nuvens causada pela variação radiação cósmica, aumenta o albedo do planeta Terra, fazendo com que mais quantidade de radiação seja reflectida para o espaço, havendo uma tendência para as temperaturas diminuírem. Mas isso não quer dizer que se fenómeno explique os recentes aumentos à escala global de temperatura. Como disse, e muito bem, o ano galáctico é cerca de 200 milhões de anos, o que implica que se houver uma variação na radiação cósmica devido à posição do sistema solar na Via Láctea, essa variação seria impossível de se notar num período de tempo equivalente à vida humana.
É de uma negligência extrema culpabilizar a radiação cósmica pelo aquecimento global, por exemplo, nos últimos 20 anos.
Também não sou inocente o suficiente para dizer que o aquecimento global é devido apenas às emissões de C02. Existem fenómenos de realimentação positiva que ainda não entendemos que podem contribuir em larga escala para o fenómeno. Como por exemplo a libertação de metano armazenado de baixo da "permafrost" na Sibéria. E o metano tem um pode de efeito de estufa muito superior ao C02...

Cumprimentos.

Pinto de Sá disse...

Caro Anónimo que não percebe o meu objectivo: A minha cruzada é pela Ciência, pela perspectiva científica na abordagem das coisas, contra as crenças supersticiosas, os mitos e as vigarices. Está no título do blog.
Diz que "vivemos muito acima das nossas posibilidades"; quem? Você? Ou os nossos reformados que morrem de frio todos os invernos, os africanos, os sul-americanos e os asiáticos que vivem em favelas gigantescas em cidades infectas, e que constituem grande parte da Humanidade?
Quanto aos recursos finitos: a Humanidade tem encontrado sempre alternativa ao aparente esgotamento próximo dos recursos; já ouviu falar do "malthusianismo"? Procure informar-se...
Depois, também convinha informar-se sobre o crescimento da Humanidade. Não é exponencial. Está a desacelerar (ouviu falar da política do "filho único" na China?), e prevê-se que atinja um máximo por volta de 2050, entre 9 e 11 mil milhões. É muito? Teremos que viver com isso, que não é um problema novo.
Quanto ao metano - pois, se percorrer o meu blog encontrará bastas referências a isso. Não ao metano do permafrost, mas ao das lixeiras a céu aberto, ao da agro-pecuária, etc - aliás, menciono-o no próprio post: "apenas 20% do efeito de estufa resulta da produção de energia e dos transportes".
Como pretende resolver isso? Uma guerra nuclear para reduzir o tamanho da Humanidade? Exterminar a Humanidade para salvar a Humanidade?
Ora isso era precisamente o pensamento por detrás da prática dos sacrifícios humanos...

Lura do Grilo disse...

"Os espanhois elimiram 75% da população Asteca e Inca, tudo pela cobiça."

Não é verdade que possa ser confirmada inequivocamente. Aliás nem se sabia quantos indigenas havia.Há poucos documentos e os que há não são conclusivos ou claramente exagerados como são a maioria. Um deles afirma que na maior cerimónias eram sacrificados aos deuses 14 000 pessoas. O bombardeamento de Guernica matou 90 pessoas e ficou imortalizado por um quadro de Picasso. O bombardeamento de aviões soviéticos ao munícipio de Cabra (igualmente em Espanha) matou mais pessoas e nunca niguém ouviu falar. Houve massacres de ambos os lados. Alguns de vingança por armadilhas feitas aos espanhóis. Num destes foram poupados centenas de índigenas que estavam na engorda para o sacríficio. Os espanhóis também sofreram massacres: num deles 800 morreram.

"Condenaram estes povos a uma vida centenas de vezes mais miserável do que aquela que tinham até aí" Por quê centenas e não dezenas ou várias vezes. Primeiro não é comprovável: as múmias encontradas provam que viviam menos tempo que os europeus. Os indígenas não foram proibidos de comer, beber, cultivar a terra, etc. Só uma mente sonhadora imagina um paraíso interrompido pelos espanhóis: havia além de sacrifícios humanos, carnificinas entre eles, escravatura sem quaisquer direitos, infantícidio, etc.

Os europeus levaram doenças! Sim aliás também trouxeram para a Europa a peste negra e de certo também apanharam doenças que não tinham.

Agora trazer a religião católica ao barulho também é um pouco de desonestidade intelectual. A conquista do Mundo Bizantino consumiu 60 milhões de vidas. A cristandade trouxe o fim da escravatura a qual subsistiu porém no norte de África até ao Séc XX.

A História é o que é: as ilhas da Madeira e dos Açores também eram atacadas por corsários muçulmanos que matavam os homens e levavam as mulheres para escravas. Porém de facto os fundamentalismos levam sempre à miséria e não se pode dizer que a fome que grassa em Cuba, na Nicarágua, no Equador, em Venezuela agora também se deva a Cortez pois no Chile, mesmo ao lado, nada disto se passa. E como conheço bem Venezuela digo que o que ela produz é agora metade do que produzia em 2000. Os que ficam agarrados a sofismas e a utopias de mundos perdidos de facto sofrem e muito e a sua vida piora visivelmente.

O aquecimento global é no fundo mais uma estratégia para combater causas vagas: todo o que previam simplesmente não acontece. Os sacerdotes sacrificavam seres humanos para terem chuva, boas colheitas os favores dos Deuses. Os fanáticos do aquecimento querem sacrificar milhões a troco de evidencias ainda mais vagas que as dos sacerdotes.

GW disse...

“Entretanto, recordo, tudo isto assenta no pressuposto de que o Aquecimento Global é o produto da emissão de Gases causadores de Efeito de Estufa, portanto de causas antropogénicas. Ora isto está longe de ser matéria científica inquestionável!”

Engracado e como este pressupost so e questionavel por pessoas fora da comunidade cientifica ligada a area. E logo a seguir da o exemplo de um reputadissimo cientista Geologo! Quem dedica a sua vida a estudar a evolucao do clima e os efeitos dos gases com efeito de estufa nao questiona esta base, e digo isto com conhecimento de causa! Sou meteorologista e estive recentemente na American Meteorological Society annual meeting, e nas sessoes ligadas as alteracoes climaticas ninguem questiona os efeitos dos gases com efeito de estufa no aumento de temperatura observado recentemente. Ou seja, quem sabe do assunto nao questiona, so quem nao sabe.


“.(..)assim desafiando a perspectiva limitada do IPCC, que reduz tudo aos Gases de Efeito de Estufa (os quais, a propósito, não conseguem explicar as passadas Idades do Gelo ou o Clima tropical dos pólos no tempo dos dinossauros).”

O IPCC nao esta a tentar explicar as passadas idades do gelo ou epocas quentes. A maior parte destas oscilacoes de temperaturas passadas sao bem conhecidas e os cientistas do IPCC sabem disso (ja deve ter ouvido falar dos ciclos de Milankovitch). A diferenca e que estes efeitos nao podem de maneira nenhuma explicar o que se esta a presenciar nos ultimos anos, mas o aumento dos gases com efeito de estufas e os seus feedbacks podem!

“E como afecta a radiação cósmica o clima da Terra? Pois, isso ainda não se sabe ao certo (...)”
Ainda nao se sabe ao certo... mas acredita mais nisso do que nessa “teoria da conspiracao” dos gases com efeito de estufa (que alias esta bem aceite na comunidade de meteorologistas/climatologistas)? E ainda tem o descaramento de chamar ao seu blog “A ciencia nao e neutra”? Pois nao, comecando pela sua ciencia!

Pinto de Sá disse...

Ao GW:
O seu comentário é um exemplo perfeito do pensamento único: baseado no argumento da autoridade ("ninguém questiona isto entre os entendidos"), na ignorãncia e na mentira.
Para começar, foram mais de 700 os cientistas que manifestaram a sua oposição ao IPPC junto do Presidente Obama, incluindo alguns dos que tinham sido do IPPC!
Depois, poderia citar-lhe o nome, se a isso estivesse autorizado, de um importante dirigente dos serviços de metereologia nacional que não acredita na posição do IPCC.
Finalmente, quando digo que "ainda não se sabe ao certo", baseio-me no conceito galileano do que é "saber ao certo" em ciência natural e que GW desconhece de todo: é o que é confirmado experimentalmente! Ora se a teoria da radiação cósmica como fonte de nucleação das nuvens é comprovável experimentalmente - o que está em curso no CERN, e as primeiras experiências estão a confirmar a teoria - a do CO2 e do efeito estufa não tem qualquer base experimental semelhante, sequer!
Finalmente, é curioso que considere que remar contra a corrente é impróprio de cientistas; é precisamente o contrário! Um cientista tem como único critério de verdade a evidência racional e experimental, e JAMAIS a opinião dos outros!!!

GW disse...

Falemos entao de ciencia! Porque e que uma teoria que cola tao bem a realidade e que os especialistas estao praticamente todos de acordo e rebatida deste modo? Nao vejo isto a acontecer em mais ramo nenhum da ciencia! Mas neste caso acontece porque nao da jeito! Porque a nossa economia e baseada totalmente no petroleo. Tudo se mede a partir do preco do barril de petroleo! Eu tambem vi a lista de cientistas que nao estao de acordo com os relatorios do IPCC. Muitos, mesmo muitos, sao geologos. E a verdade e que a maioria dos geologos ganha a vida (e bem) a fazer prospeccao de petroleo e outros combustiveis fosseis, ou seja, tambem nao lhes da jeito que o CO2 esteja a destruir o nosso planeta. Alem do mais sao cientistas que pouco percebem do assunto do clima mas o publico em geral ve-os simplesmente como “cientistas” por isso acham que eles sabem.

A teoria da radiacao cosmica, posso dizer-lhe que e anedotica. Mesmo que essa radiacao induza realmente a condensacao de agua e portanto a formacao de nuvens, tera muita dificuldade em convencer meteorologistas do seu efeito global no clima. Em primeiro lugar porque os diferentes tipos de nuvens tem diferentes efeitos no balanco radiativo da Terra. As nuvens nao so bloqueiam a radiacao solar, tambem absorvem radiacao de longo comprimento de onda emitida pela Terra.
Depois a microfisica de nuvens e bastante mais complexa do que simplesmente haver condensacao de moleculas de agua. Se a humidade relativa for baixa, mesmo que haja inducao de condensacao havera simultaneamente evaporacao. Tambem sera preciso saber se essa condensacao e estavel. Porque condensacao existe espontaneamente na atmosfera, mas para que seja estavel e necessario que haja nucleos de condensacao. E enfim, tantos outros processos que existem n

Como nota final, nao se pode “deixar andar” e duvidar de uma teoria afincadamente porque nao da jeito a economia global. O certo e que se destruirmos a nossa Terra nao ha economia que nos valha. Nao nos podemos alimentar de petroleo nem de dolares/euros/etc. E esperar de bracos cruzados para se ter a “certeza” porque nos custa a acreditar no que os especialistas nos dizem, pode estar (alias, esta!) a conduzir-nos para um ponto sem retorno.

Pinto de Sá disse...

Que a teoria cola bem à realidade é questionável. Qual realidade? A que no Verão os gelos dos pólos derretem e or ursos brancos passam mal? A de que tem chovido no Inverso e feito calor no Verão? Essa realidade, que os media freneticamente atribuem alarmisticamente ao "efeito de estufa" sempre existiu e é da mais grosseira mistificação de que há memória desde o tempo das teorias racistas do início do sec. XX (que Hitler levou à prática) ou das teorias de luta de classes como motor da História (que Estaline levou à prática)!
É excatamente pela evidência da demagogia e da mentira que estas teorias são duvidosas.
Eu, como a grande maioria dos cidadãos interessados e minimamente cultos, não preciso de ser especialista para ter uma opinião. Não preciso de ser biólogo para acreditar na evolução das espécies, e não é apenas por isso ser totalmente consensual entre cientistas (o que não acontece com os modelos climáticos): é porque toda a evidência converge para o mesmo, especialmente desde que se sabe como opera o ADN. Também não preciso de ser astro-físico para acreditar que vivemos numa de muitas galáxias e que a expansão do universo está a desacelerar. Mas nem sempre foi assim: não há muitas décadas houve disputas acesas ao rubro sobre o tamanho da galáxia e de se seria única, com as posições contrárias ambas parcialmente erradas, parcialmente certas. E inclino-me a pensar que estamos numa situação semelhante, que é precisa mais evidência. Que há-de vir, para um lado ou outro, desde que os satélites da NASA não continuem a cair...
Mas se pomos as coisas em termos de processos de intenções, como faz ao acusar os geólogos de estarem ao serviço da extracção de combustíveis fósseis, dir-lhe-ei que isso já me tinha ocorrido, e que talvez seja verdade, mas ainda mais verdade é que há uma imensa multidão de subsídio-caçadores, de saudososos das construções do "Homem Novo", de profetas que pretendem protagonismo e importância política - os tais sacerdotes dos novos templos climáticos - cuja falta de escrúpulos é evidente. E é contra esses que escrevi.
Porque quanto ao fundo, e dadas as incertezas científicas, nem é preciso invocar a mudança climática para tomar medidas: basta invocar a geo-política. Sem sacerdotes.

Renato Rodrigues disse...

Caro Professor,

Penso que quando menciona a responsabilidade da sobrepopulação e os apenas 20% do transporte rodoviário, ou a contribuição dos países em desenvolvimento, a ideia que fica para alguém pouco informado pode ser enganadora.

Na verdade a sobrepopulação tem a ver com nascimentos do passado e a chegada de melhor medicina, higiene e alimentação a muitas partes do mundo, nomeadamente China e Índia.

E mesmo o grande impacto da deflorestação nas emissões de CO2, também é causado por pressões de procura localizadas a Norte, nos países desenvolvidos.

Por sua vez, os países do Norte agora protectores do ambiente já tiveram as suas fases de desflorestação e degradação ambiental. Os do Sul estão apenas mais atrasados.

Por muito fundamentalistas que sejam certos pontos de vista, não fazia mal nenhum induzir um uso mais racional de recursos e responsabilizar consumidores por aquilo que consomem e produtores por aquilo que produzem. É uma questão de prudência. Porque há muitos mais problemas ambientais do que o aquecimento global e todos estão ligados ao consumo e estilo de vida, que por sua vez está ligado ao uso de energia. E se a teoria antropogénica do aquecimento global estiver correcta, não vamos mudar o modo como vivemos da noite para o dia.

Pinto de Sá disse...

Caro Renato Rodrigues,
Certamente que a sobrepopulação tem a ver com a melhoria das condições de vida, e eu não a "culpo" pelos danos ao ambiente. Limito-me a notar que a simples EXISTÊNCIA da Humanidade afecta o ambiente, e certamente ninguém pensa em exterminá-la para salvar a "Natureza"...
Quanto à responsabilidade dos países do norte pelo CO2 emitido pelos subdesenvolvidos, não partilho da sua opinião. A responsabilidade dos nossos erros é sempre nossa, e não de outrem. Tanto mais que, ao contrário do que diz, os países do norte há muito que têm uma prática de preservação do ambiente e não é, por isso, a industrialização que é culpada da destruição ambiental, mas sim o subdesenvolvimento. São factos. A ideia de uma culpa nossa nos erros dos subdesenvolvidos é herdeira da velha ideologia comunista que atribuía ao "imperialismo" capitalista os males dos países subdesenvolvidos, quando afinal nunca houve maiores crimes feitos ao ambiente do que nos "paraísos" comunistas...
Claro que concordo que o Homem tem muito a fazer em matéria ambiental. Na água, no tratamento dos resíduos, no ar, no mar, etc. E fá-lo; nos países civilizados!
Saudações,

Pinto de Sá disse...

Renato, sugiro-lhe ainda sobre este assunto a leitura do que escrevi aqui:
http://a-ciencia-nao-e-neutra.blogspot.pt/2009/10/nada-que-nao-seja-sabido-mas-que-ha.html

Se estiver interessado, encontra neste mesmo post e nos mais antigos que escrevi na rubrica "clima" hyperlinks para os documentos do IPPC que cito.

Renato Rodrigues disse...

Pois mas os do Norte já meteram muito CO2 lá em cima por causa da deflorestação. Pessoas muito pobres estão ocupadas a pensar na sobrevivência para se preocuparem com o ambiente. É um facto. No Norte já se passou por isso. Inglaterra e Gales que eu conheço bem, são carequinhas como tudo. Árvores têm poucas, mas quintas e pastagens para ovelhas têm muitas.

Eu sou um pragmático e não entro em discussões sobre quem tem a culpa e a responsabilidade. Mas a minha opinião empírica é a de que apenas actuando sobre a procura se pode ter algum efeito na destruição ambiental. Eu ouvi um prof de Saskatchewan que não me lembro o nome, a explicar que na história da humanidade, avanços na área de eficiência no uso de recursos, tem sido sempre engolidos pelo aumento do consumo.

A Greenpeace pode acorrentar-se a quantos mastros de navios quanto quiser. Enquanto houver alta procura de matérias-primas abundantes em países pobres e corruptos, a deflorestação vai continuar em força. Haja FSC ou Fairtrade ou seja lá o que for. Olhe, basta internalizar muita externalidade que anda para aí. E os países desenvolvidos só o são dentro de portas, porque fora de portas bem sabemos como muitas corporações se comportam em termos ambientais e sociais.

Eu não sou nenhum comunista. O uso cuidado de recursos, é uma questão de prudência. Nunca sabemos o que pode estar ao virar da esquina. Se alguém quer andar por aí a viver de forma desbragada, que pague o verdadeiro custo do seu estilo de vida.

Uma solução que me parece interessante é uma taxa de carbono alta e transversal, a ser devolvida aos cidadãos e com ressalvas para não excluir os pobres do acesso à energia. http://www.carbontax.org/blogarchives/2012/08/02/rep-mcdermott-d-wa-introduces-bold-managed-price-carbon-tax-bill/