... e, enquanto o Governo hesita sobre se há-de cumprir as recomendações da troika e cortar nas rendas instaladas na Energia, ou ganhar agora uns desejados 0,5 a 2 biliões extra nas privatizações em troca de um défice tarifário de 3 ou mais biliões que há-de vir ter ao Estado daqui a poucos anos, por força do art.º 5 do DL 165/2008, mais um parque fotovoltaico é anunciado que irá sobrecustar aos consumidores mais 11,3 milhões de € ao ano!
De facto, a tarifa da fotovoltaica anda agora em 34 ç/kWh, quando o valor médio de mercado da electricidade assumido pela ERSE anda pelos 4,5 ç/kWh. Por outro lado, é provável que o factor de utilização desta central atinja os 20%, o que permitirá gerar 38,6 GWh/ano. 38,6 GWhx(34-4,5)/100 = 11,3 M€.
6 comentários:
Sobre estes é que não há impostos solidários para estados que não sabem fazer contas...
Caro Professor:
Será que o sobre-custo de 11,3 M€ compensaria as 15 200 toneladas de CO2 a menos, num cenário de taxação das emissões de dióxido de carbono?
Caso contrário não vejo a finalidade a aplicação de uma taxa de carbono, para além do interesse meramente economicista.
Melhores cumprimentos.
No ecossistema da actual Situação pululam, como bem se sabe, múltiplos interessados na continuação e acentuação desta rapina.
Já quase se me esgotaram as esperanças que Álvaro Santos Pereira consiga ter o peso político necessário para aportar um mínimo de sanidade nesta matéria, invertendo o caminho da ruína que vimos prosseguindo sob a bandeira da "sustentabilidade".
Não estou certo dessa contabilidade das 15200 toneladas de CO2 evitadas, sabendo-se de antemão que os painéis fotovoltaicos de silício consomem imensa energia para a sua própria produção...
Por outro lado, se fossem produzidos a carvão, os 38 GWh de electricidade gerariam umas 36000 toneladas de CO2; 15200 seria o gerado por centrais de ciclo combinado a gás natural.
Mas o valor de mercado actual da tonelada de CO2 está nos 15€, o que significa que 15200 toneladas valem menos de 230 k€, uns 2% do custo ao consumidor dos 38 GWh desta central...
Já agora: nunca ouvi falar em premiar as nucleares pelo CO2 evitado... :-)
Obrigado pelo esclarecimento.
"Já agora: nunca ouvi falar em premiar as nucleares pelo CO2 evitado... :-)"
Boa observação. Quando se referiu aos custos energéticos da produção das células fotovoltaicas quis comparar a quantidade de energia (e por conseguinte de emissões de CO2) por unidade de potência instalada?
Não estou a par dos números, mas certamente que a construção de uma central nuclear de 3ª geração, a juntar à energia despendida para extrair o Urânio e o enriquecer, têm também as suas "carbon footprints".
Cumprimentos e obrigado.
Essa história do CO2 é uma aldrabice dos burocratas de Bruxelas.
A UE é a única, com dimensão relevante, que aplica essas taxas. Os outros países ignoram isso. Portanto, a única consequência relevante é que a indústria europeia fica com custos mais elevados que os concorrentes estrangeiros.
Há uns tempos ouvi uma entrevista com o Patrick Monteiro de Barros em que ele se queixava que tinha de pagar as taxas de CO2 das suas refinarias na Europa. No entanto as importações de refinados da Arábia Saudita não eram afectados por essa taxa de carbono, apesar das emissões serem na melhor das hipóteses as mesmas. Portanto, é um tiro no pé... Numa altura em que mudam indústrias inteiras de país por uma questão de uma rentabilidade um pouco maior é desesperante.
Parece-me que existem alguns burocratas que querem gerir esses fundos multi-milionários de carbono. E uns "investidores-inovadores" que querem vender as suas soluções "verdes" mas economicamente inviáveis.
Provavelmente a melhor solução seria taxar o CO2 como um IVA. No entanto, se não for uma estratégia mundial está condenada ao fracasso.
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