quinta-feira, dezembro 13, 2012

A taxa de Carbono do Eng.º Moreira da Silva

O Vice-Presidente do Partido maioritário no nosso Governo, detentor de um notável curriculum nos corredores internacionais do nacional-ecologismo alemão, propõe hoje para o relançamento da economia nacional a criação de uma "Taxa de Carbono" de 3,5% a pagar pelos portugueses no IRS.
Segundo outras notícias, quando do recente "movimento" dos Ministros da Economia do Sul para a "reindustrialização" junto de Bruxelas, o nosso Ministro da Economia terá pedido uma política industrial mais "amiga do investimento" e menos fundamentalista quanto aos espartilhos ambientalistas, mas esta nota não terá colhido grande eco. De facto, Bruxelas e a indústria alemã, que não sofre de problemas de "desindustrialização", julgam até que a aposta numa renovação industrial mundial apoiada em restrições ambientais pode ser a chave da competitividade europeia (alemã, leia-se), desde que consigam moldar o resto do mundo a essas restrições...
É patente que a proposta da taxa de carbono do Eng.º Moreira da Silva se insere nesse pensamento ecotópico.
Não vou discutir agora a visão económica destas propostas.
Vou apenas lembrar alguns números constantes do relatório de 2007 do IPCC sobre o aquecimento global, que é a base (contestada) do pensamento ecotópico e cuja validade científica não vou questionar. Vou lembrar esses números por que até eles são repetida e descaradamente falsificados pelos ecotópicos!

É frequente ouvir-se que a emissão de CO2 pelo uso de combustíveis fósseis é responsável por 85% do "efeito de estufa". Vejam-se então os números da ONU (IPCC de 2007), quanto à contribuição e origem dos diversos gases causadores desse efeito:

Por tipo de gás:

  • CO2 resultante do consumo de combustíveis fósseis: 56%;
  • CO2 resultante da desflorestação, decomposição de biomassa, etc: 17%;
  • Metano: 15%;
  • Nitritos: 8%;
  • CO2 resultante de outros processos: 3%;
  • Outros gases residuais: 1%.

Além de ser corrente atribuir-se às emissões de CO2 resultantes do consumo de combustíveis fósseis 85% do efeito de estufa, é também usual associar essas emissões à produção de energia, levando a pensar que o problema se resolve com energias renováveis na geração de electricidade. Ora veja-se então a composição de origens dos gases acima listados, sempre de acordo com o mesmo relatório do IPCC:

Emissão de gases de efeito de estufa, por actividade:

  • Produção de electricidade: 26%;
  • Indústria (especialmente cimenteiras, siderurgias, refinarias,...): 19%;
  • Desflorestação: 17.5%;
  • Agricultura: 13.5%;
  • Transportes: 13%;
  • Edifícios: 8%;
  • Lixos e esgotos: 3%.
Neste post aqui e noutros sob a rubrica "clima", pode o leitor encontrar os hyperlinks para as fontes do IPCC que referi.
E pode também encontrar aqui uma nota sobre os custos desta política europeia, que evidentemente não são repartidos equitativamente pelos diversos países da União...

Adenda: Para confirmar a reprimenda dada ao Ministro da Economia pelo nacional-ecologismo alemão sobre essa sua ideia de reindustrializar Portugal, a recém-convertida à causa alemã que supervisiona o Ministério da Agricultura, veio a público desautorizar o colega. Como no seu Ministério o pelouro do ambiente foi "industriado" pelo irmão do Engº. Moreira da Silva, faz sentido...