sexta-feira, outubro 02, 2009

A competição pelo carvão limpo

O actual Secretário de Estado da Energia dos EUA, o prémio Nobel Steven Chu, avisou esta semana ao CO2 emitido pelas centrais a carvão: "We will bury you"!
Isto foi escrito num artigo na Science onde era explicada a decisão pelo Governo Obama de dedicar 3-4 biliões de dólares à I&D para a captura e enterramento do CO2 emitido por aquelas centrais.
Parece, pois, que a decisão política a que o EPRI apela e que aqui referi, foi tomada.
Naturalmente, isto de obter uma tecnologia que torne as centrais a carvão "limpas", tanto como as renováveis ou o nuclear, não é só uma questão de salvar o mundo: é também uma oportunidade estratégica de negócio!
Quem dominar essas tecnologias, dominará grandes e lucrativos mercados mundiais.
E é certamente por isso que a China iniciou a construção não de uma, mas de duas grandes instalações prototípicas, com duas tecnologias diferentes (a ensaiar), para a captura e enterramento do CO2 produzido pelo carvão.
Quem dos dois países, EUA e China, ganhará a corrida, é difícil prever. Ambos esse países são ricos em carvão e usam-no abundamentemente para a produção de electricidade, de que o carvão é lá a principal fonte primária, e é bom que ambos apostem no mesmo.
Quanto a nós, só temos que esperar para ver a quem vamos depois importar, chaves na mão, essa tecnologia de que não haveremos de perceber nada, entretidos que teremos andado a acompanhar vagamente projectos europeus de investigação fundamental, a fazer barragens para armazenar o excesso de energia gerada pelas turbinas eólicas que importámos e a investigar "redes espertinhas" que, da forma como as imaginamos hoje, nunca existirão.
Na figura: operários chineses numa mina de carvão, 2008

2 comentários:

Anónimo disse...

Bem... este é um jogo que vamos ser espectadores tais como tantos outros. Também não existe em Portugal capacidade para fazer uma central a carvão. As que temos foram de feitas pela antiga BBC (agora ABB) e nunca se chegou a ter "know-how". Agora com as tecnologias de dessulfurização, desnitrificação e mais recentemente sequestro de carbono (ainda numa fase prematura) menos conhecimentos temos.

Outra tecnologia que deve estar a conhecer novos desenvolvimentos é o nuclear. Neste momento os russos e penso que os coreanos têm planos para fazer reactores "fast breeder" (não sei a tradução para português) que tem o potencial de diminuir em muito a quantidade e tempos de meia-vida dos resíduos.

Mais uma para assistirmos de fora aos seu desenvolvimento...

Pinto de Sá disse...

Na verdade, Portugal nunca fabricou o componente mais nobre de qualquer central, o gerador, e mesmo as turbinas hídricas, fabricadas na antiga Sorefame, eram-no sob licença da Nerpic, a empresa do grupo Althsom para o efeito.
Constava que na Sorefame o gabinete de "Desenvolvimento" das turbinas era constituído por um engenheiro e um desenhador, e que o papel do engenheiro era ir a Grenoble buscar os projectos feitos pela Nerpic para os dar ao desenhador...