Este Verão terão ardido em Portugal 77 mil hectares de floresta.
Terá sido mais que nos 3 anos anteriores, mas muito menos que no ano record de 2003, em que ardeu quase 6 vezes mais.
Mesmo assim, os incêndios deste Verão terão emitido 1,3 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera, o que constituirá 1,6% do total de emissões portuguesas que, como habitualmente, não considera estas e outras emissões resultantes do uso do solo. Isto, considerando modelos desenvolvidos no Instituto de Agronomia de Lisboa em 2006.
Mas, só a Central a carvão de Sines, já bastante velha, emite em menos de 2 meses de funcionamento tanto CO2 como o total destes incêndios, o que tem sido justificado para a ir usando cada vez menos, em benefício das eólicas e das hidroléctricas de armazenagem que as servem e, sobretudo, das de ciclo combinado a gás natural.
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Incentivado por uma pergunta de um comentário, fiz uma busca que me permitiu descobrir que, além do cálculo feito no Instituto de Agronomia para 2003 e que citei na resposta a esse comentário, existe um amplo e sério trabalho feito continuadamente sobre o assunto na Universidade de Aveiro, sob a direcção dos Profs. Ana Miranda e Carlos Borrego.
Um trabalho deste grupo já com uns anos, estimava em 10% a contribuição dos fogos estivais para os GEE em Portugal: além do CO2, todos os outros gases estão presentes nesses fogos, do metano aos nitritos, alguns dos quais agentes muito piores do Efeito de Estufa!
Trabalhos mais recentes desse grupo de Aveiro e outros mostram duas coisas: a) que os fogos libertam também outros elementos nocivos e cuja concentração atmosférica nas grandes cidades portuguesas tem uma clara correlação com a ocorrência desses incêndios, como o Ozono e o mercúrio; b) que, tal como noutros países industrializados, se verifica uma tendência imparável para o aumento anual dos fogos. Na Coreia isso é correlacionado com as próprias práticas de reflorestação pós-incêndios.
Estes factos, pouco conhecidos, já os tinha aflorado aqui.
3 comentários:
Estes dados já consideram o facto de as florestas ardidas deixarem de absorver CO2?
Não, de facto. Baseei-me no único trabalho que conheço feito em Portugal sobre o assunto, para que hyperlinko no texto, feito pelo Instituto de Agronomia de Lisboa, mas que apenas calcula as emissões directas e não o efeito indirecto da vegetação ardida deixar de absorver CO2.
Uau! Obrigado! Eu sempre quis escrever no meu site algo como isso. Posso tomar parte do seu post no meu blog?
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