quarta-feira, dezembro 09, 2009

A fábrica de baterias de Aveiro e o que Portugal fica a dever ao Grande Líder

Toda a gente sabe que foi inaugurada uma fábrica de baterias de iões de Lítio da Renault-Nissan, em Aveiro, para o anunciado automóvel eléctrico. Implicará um investimento de 160 milhões de € e criará 200 empregos, e o Administrador agradeceu as excepcionais condições oferecidas por Portugal e que determinaram a nossa escolha, entre os 27 países da União.
De caminho, o Primeiro-Ministro afirmou que, no passado, Portugal sempre tinha chegado atrasado às novas tecnologias mas que, agora, com ele, se colocava finalmente na dianteira.
Uma afirmação desta grandeza só pode, de facto, provir de um Grande Líder que Portugal não tinha, salvo erro, desde D. João II.
Entretanto, porém, uma Associação de PME protestou por se sentir discriminada e explicando que o Governo cobria, através da CGD, os riscos daquele investimento.
Mas haverá riscos?

Ora há momentos cruzei-me com um colega meu que, apesar de não ser da "cor" política do nosso Primeiro-Ministro, acredita no carro eléctrico. Trocámos umas palavras e, a certa altura, eu disse-lhe: " ...o pior é a duração das baterias!". Ele olhou para mim obviamente sem entender e eu expliquei-lhe: "é que as baterias são as mesmas que usamos nos telemóveis; já viu quanto tempo duram?"
Ele, que foi obviamente apanhado em falso mas que nunca dá o braço a torcer, negou. "Não, não são nada!"
Não tive tempo de lhe dizer para abrir o telemóvel e ver, mas digo-o a vocês. Hão-de lá ler algures: Li ion". Iões de Lítio. Claro que são as mesmas baterias. E também as dos portáteis. Experimentem abrir os equipamentos e comprovem por vós próprios!

A do meu portátil, comprado no Verão de 2008, já está nas últimas. E a do telemóvel, que é de 2006, já vai na segunda que compro - quase por 1/3 do preço do próprio telemóvel!
Claro que as baterias não são exactamente as mesmas. São muito maiores e cheias de dispositivos de controlo e segurança. Mas a tecnologia química é a mesma e padece exactamente dos mesmos problemas das baterias dos nossos habituais gadgets.
Já expliquei isso tudo aqui! Se quiserem, consultem.
E aos hyperlinks que lá inseri e que vos permitem desenvolver a vossa informação.

Voltando ao investimento da Renault: dado o problema da curta vida e alto preço das baterias de iões de lítio, é evidente - também já postei noutros lados o que se pensa sobre o assunto internacionalmente - que o futuro não está nestas baterias e que ainda há muita investigação fundamental a fazer até se encontrar uma boa solução. Pelo que se trata de uma fábrica com os dias contados.
Mas o Governo de Portugal acha bem subsidiar a indústria estrangeira.
Já o fez nas eólicas, e agora estende-o às marcas de automóveis em dificuldades...
À custa do défice e, sobretudo, das PME preteridas!

2 comentários:

Pêndulo disse...

A propósito de baterias e confirmando o que é dito no post fica uma peça sobre os novos caminhos para baterias, em nada comuns ao que compramos.
Clicar no texto para ler na íntegra e ver o filme.

Pesquisas anteriores apontam que baterias com nanofios de silicone podem ser até dez vezes mais fortes que as baterias tradicionais, feitas de íons de lítio. Agora, os pesquisadores esperam que as baterias feitas com papel possam dar energia a um número enorme de objetos, desde laptops até automóveis, além de celulares com baterias mais leves, menores e muito mais duradouras. e mais baratas

Jorge Oliveira disse...

Caro Prof. Pinto de Sá

Acredite que Portugal deve muito ao Grande Líder. Estamos à frente em (quase) tudo. Vejamos.

Segundo notícia da Lusa, que se pode ler, por exemplo, através dest link para o jornal Público :

http://ecosfera.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1414360

ficamos a saber que:

“Temperatura em Portugal está a aumentar mais do que no resto do mundo”.

Que mais podemos exigir?