Não foi só Portugal, porém, que melhorou os seus resultados.
Como mostro na figura anexa, todos os países "fracos" melhoraram, enquanto ao mesmo tempo houve uma (ligeira) pioria de grande parte dos países bonzinhos (mas não dos mesmos bons!).
A explicação reside nas negociações que ocorreram na preparação destes testes da OCDE, em que os países "fracos", a começar pelo representado pelo Presidente da OCDE, o México, conseguiram uma maior facilitação das perguntas "fáceis", acompanhada por um aumento correspondente da dificuldade das perguntas "difíceis". Assim, a média geral manteve-se, mas a dispersão em torno dessa média reduziu-se: os "fracos" ficaram melhor, e os "bonzinhos" ficaram pior, como assinalo na figura.
Mas o que me traz aqui não é a denúncia de (mais) esta manipulação de resultados. O que me traz aqui é um resultado que faltava nesta figura, e que eu acrescentei a verde à esquerda: o de Xangai. 600!!!...
Ora o New York Times de hoje traz um artigo de opinião sobre estes resultados, em que assinala o que há de comum entre os países/regiões que conseguiram os melhores resultados: todos, com excepção da Finlândia (China, Singapura e Coreia do Sul), têm em comum na sua tradição cultural... Confúcio. De facto, a multi-milenar reverência confucionista pela educação está profundamente radicada na cultura destes povos, e é bom lembrar que os exames foram inventados na China e que durante muitos séculos a China foi governada por uma meritocracia seleccionada por exames. A Revolução Cultural tentou eliminar os vestígios do confucionismo mas, para sorte dos chineses, falhou. Claro que o confucionismo tem as suas fraquezas, mas o que queria aqui notar é que a China não é só mão-de-obra barata - é um Estado alicerçado em 25 séculos de civilização! É como se o Ocidente ainda vivesse no Império Romano (modernizado, claro)...
Ora e isto leva-me a notar outra notícia do NYT de hoje: mais uma fábrica americana de paineís solares fechou, despedindo 800 trabalhadores, para se transferir para a China.
Já há um ano eu vaticinava que não havia possibilidades do Ocidente competir com a China no domínio das tecnologias de equipamentos de energias renováveis, nomeadamente a solar e a eólica, e que, portanto, a estratégia tecnico-económica óbvia para os EUA (e a Rússia) era, no plano das indústrias de bens de equipamento para a produção de energia, a aposta no nuclear, a que é muito mais difícil a países menos desenvolvidos lá chegarem.
Mas posso ter-me enganado.
Posso ter-me enganado porque também quanto à energia nuclear a China tem uma estratégia clara, sensata e que se move sem hesitações. As 25 centrais nucleares que tem presentemente em construção inserem-se numa estratégia que vê a 4ª geração destas centrais, as de neutróes rápidos e que processam o quase inesgotável Urânio 238 (e a maioria dos próprios resíduos), como a tecnologia base da sua produção energética a partir de meados deste século.
E, enquanto isso, os EUA fornecem a tecnologia de partida mas, no seu próprio território, avançam devagar, e da "Europa" nem vale a pena falar...
E para terminar, recomendo a leitura atenta deste excelente testemunho publicado no Wall Street Journal. Já há anos a Scientific American publicara um dos muitos estudos que há sobre a superioridade dos resultados dos sino-descendentes no sistema de ensino dos EUA, e onde se chega sempre à conclusão de que a causa está na atitude dos pais perante a educação dos filhos - embora dos EUA me digam que muitos americanos preferem atribuir a diferença à genética: assim, ficam desculpabilizados e não têm de mudar nada...
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