Há muito tempo que o silêncio sobre a política nacional quanto às identificadas reservas de gás de xisto na região de Alcobaça, e à possível existência de petróleo offshore na nossa zona marítima, é ensurdecedor.
Agora, finalmente, soube-se de um plano da GALP para a exploração desses recursos, em parceria com uma empresa americana.
Que acordos existirão quanto ao futuro, não é claro. Porém, para que não se venha a criar um qualquer "sistema angolano" caso tais recursos se revelem milagrosos, recordo aqui os 10 mandamentos da Noruega para a exploração do seu petróleo, aprovados no respectivo Parlamento em 1972, quando já era clara a dimensão dos recursos ali descobertos no fim dos anos 60:
1. National supervision and control must be ensured for all operations on the NCS (Norwegian Continental Shelf).
2. Petroleum discoveries must be exploited in a way which makes Norway as independent as possible of others for its supplies of crude oil.
3. New industry will be developed on the basis of petroleum.
4. The development of an oil industry must take necessary account of existing industrial activities and the protection of nature and the environment.
5. Flaring of exploitable gas on the NCS must not be accepted except during brief periods of testing.
6. Petroleum from the NCS must as a general rule be landed in Norway, except in those cases where socio-political considerations dictate a different solution.
7. The state must become involved at all appropriate levels and contribute to a coordination of Norwegian interests in Norway’s petroleum industry as well as the creation of an integrated oil community which sets its sights both nationally and internationally.
8. A state oil company will be established which can look after the government’s commercial interests and pursue appropriate collaboration with domestic and foreign oil interests.
9. A pattern of activities must be selected north of the 62nd parallel which reflects the special socio-political conditions prevailing in that part of the country.
10. Large Norwegian petroleum discoveries could present new tasks for Norway’s foreign policy.
Presentemente, o petróleo gera 1/4 do PIB norueguês, metade das receitas do Estado, e emprega 200 mil noruegueses (numa população de 5 milhões). Financia o welfare do país e fundos de investimento que são economias para o futuro, mas a Noruega sabe que o petróleo um dia acabará e espera substituí-lo pela piscicultura (a exportação de peixe rende-lhe uns 6,5 bis - milhares de milhões de € - por ano, numa tradição que remonta à Liga Hanseática).
É de notar que a Noruega é líder tecnológico na exploração petrolífera offshore, exportando equipamento para esse uso e tendo desenvolvido notáveis criações de engenharia. Quando digo "líder tecnológico", quero dizer que produz e exporta tecnologia, e não que a compra e importa, como por cá vulgarmente se mistifica quando se fala em "liderança tecnológica"...
9 comentários:
Já no tempo de Guterres se falou da existência de petróleo em Portugal. A notícia foi de tal forma esporádica e rápida, que se não fosse a presença de ministros e secretários de Estado na altura, eu teria pensado que era uma brincadeira do 1 de Abril.
Desde aí o silêncio e o secretismo tem estado bem presente.
Os planos deveriam ser consolidados, penso eu... destruição da produção, subida do preço de petróleo, empobrecimento da população e consequentemente a desertificação do País. Agora sim, já podem falar... o País já está na mão dos predadores e duvido muito, que sigam as directivas da Noruega. Países como Portugal, tipo colónia do império neoliberal, estão amaldiçoados se tivereem combustíveis fósseis.
Portugal... embora a Norte cada vez mais a Sul de Marrocos.
Com a devida fonte mencionada, partilhei esta importante informação. Obrigada Professor.
Bolas... depois da descoberta do ouro negro no nosso beato, sorte a nossa, pertenceremos de imediato a ser um país do 4º. mundo!!!
rsss... rsss...
vou já falar com o duarte, limão!
Será que ainda ninguém foi capaz de explicar aos carolas do poder, que uma das vias para pouparmos energia é fechar as emissões das televisões a partir da meia noite até às 7 da matina como se fez nos idos anos oitenta por cá!?!
Se for necessário a Internet também...
Claro que isso já não interessa... a publicidade das televisões comporta essa despesa, pois...!
Queixamo-nos de quê?
" tipo colónia do império neoliberal" Ui, outra doente.
O meu palpite é que o ponto #4 (dos Noruegueses) será convenientemente contornado através do habitual esquema mafioso da certificação PIN. (Vejam, por exemplo, como era o sítio do Hotel CS Salgados antes do betão e como está hoje...Um PIN em decadência acelerada e irreversível.) A propósito, alguém sabe se na Norugega também existe a certificação PIN? (Não creio que eles tenham uma corrupção tão avançada como a nossa.)
Meu Caro
As hordas escandinavas evoluíram muito desde as invasões…
É realmente fantástica a visão desta sociedade em 1972 que assim retirou argumentos à denominada dutch disease dos manuais de economia!
Com um abraço
Jorge Marrão
Obrigado pela nota, caro Jorge,
Creio que os vikings aplicam uma das medidas que minimiza a dutch disease: mantêm boa parte dos proventos do petróleo em fundos de investimento aplicados no estrangeiro (as tais “economias para o futuro” que menciono), em vez de os consumirem em sumptuosidades improdutivas, como nós costumamos fazer. Quiçá efeitos da cultura protestante austera que consta da própria Constituição e que o rei tem que jurar professar...
Mas o que mais me impressiona na Noruega é a tradição de comércio e de produção de transaccionáveis, como com a pesca e a liga Hanseática. Claro, hoje em dia são muito germanófilos...
Um abraço,
P. Sá
O actual «dono» da GALP é o produto duma «estratégia» de escolha de um parceiro de referência na área dos petróleos... espere aí! Eu disse petróleos? Ah! pois! se não tomarmos por boa a teoria abiótica, daqui a umas centenas de milhões de anos a cortiça estará transformada em hidrocarbonetos! Era esta a relação, nós é que andamos todos «distraídos»... Permito-me no entanto a chamar-lhe a atenção para um detalhe: o «dono» revelou capacidades que demonstram a «superioridade» do «sistema português» sobre o «sistema angolano»... e não estou convencido que isso, enquanto sociedade e já neste momento, nos seja lisonjeiro.
AM
Anónimo das 10.42
Cada um fala por si... mas é típico dos covardes, projectar as suas falhas de carácter nos "outros".
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