sexta-feira, outubro 23, 2009

Nada que não seja sabido, mas que há quem prefira não saber!

O Fundo Mundial para a Natureza avisa, numa notícia nos jornais de hoje, que ardem por minuto 36 campos de futebol de florestas, no mundo. E que essa desflorestação contribui com 20% da totalidade os Gases de Efeito de Estuda (GEE) de origem antropogénica! É assunto para que tenho chamado a atenção diversas vezes, até porque há muito quem apregoe que os combustíveis fósseis são responsáveis por 85% dos GEE, quando na verdade o serão por apenas uns 50% e, destes 50%, só 40% (portanto uns 20% do total) resultam da soma da produção de energia eléctrica com o transporte rodoviário...e atenção: limito-me a citar dados do próprio Painel Climático da ONU, e não de algum blog negacionista...! Estes dados mostram ao mais inumerato dos ecotópicos que os fogos florestais emitem tantos GEE como todas as centrais a carvão e todos os automóveis e camiões do mundo juntos!!!

Diz o Fundo que é preciso compensar a floresta ardida com reflorestações, de modo a atingir-se um equilíbrio. Vale a pena notar que o que se tem passado é que onde as florestas ardem é no Sul, nos países subdesenvolvidos, e que onde são plantadas é no norte, nos países desenvolvidos.
Além da modificação do tipo de floresta que tal acarreta, isto mostra como o mito do bom selvagem original que os ecologistas utópicos (ou ecotópicos) gostam de acalentar, o mito de que é preciso regressar ao "equilíbrio natural" do homem primitivo, é mesmo um mito.
A verdade é que só o homem muito civilizado é que sabe que as actividades humanas perturbam o ambiente e é capaz de tomar medidas para o proteger; que é nos países civilizados que há parques naturais onde a fauna e a flora originais são preservadas, e mesmo os parques que existem a Sul só se mantêm por grande pressão dos povos do Norte.
Na Gorongoza, mal os colonos abandonaram Moçambique os nativos acabaram com os animais de "vida selvagem" que lá havia - sobretudo comendo-os.
Os maias da antiga civilização deram cabo dos terrenos que cultivavam até ao abandono das cidades (também resultantes do extermínio mútuo entre cidades que não aprenderam a fazer com o homem ociental)...
O mamute norte-americano desapareceu com a chegada do Homo Sapiens ao continente americano. E o homem de Neanderthal idem, na Europa...
Para Copenhague, o principal obstáculo a um acordo é o montante que se pretende que os civilizados do norte paguem aos povos do Sul para que estes poupem o seu próprio ambiente.
Infelizmente receio que vá ser muito difícil que qualquer acordo nessa matéria, caso se consiga, venha a ser cumprido.

4 comentários:

Jorge Oliveira disse...

Caro Prof. Pinto de Sá

Certamente já lhe ocorreu que toda esta frenética campanha em torno das alterações climáticas, responsabilizando o dióxido de carbono de origem antropogénica, pode ser ou um gigantesco equívoco, ou uma forma de preparar os cidadãos de todo o mundo para aceitarem pagar mais impostos sobre a energia.

E certamente também não põe de parte a hipótese de a transferência de somas gigantescas, provenientes destes impostos, dos países mais avançados para os países em desenvolvimento, poder ter os mesmíssimos efeitos que têm sido observados com a transferência de outras generosas ofertas : comissões para os ofertantes e engorda das contas dos ofertados na Suíça e noutras paragens, sem que as populações desses países ganhem nada com o assunto.

Acha que vale a pena continuarmos a pagar tudo isto?

Pinto de Sá disse...

Caro Eng.º Jorge Oliveira,
Existem na sua pergunta duas questões diferentes: uma é a da verdade científica da origem antropogénica do aquecimento global, e a outra é a do alcance das políticas correspondentes, embora as suas questões se interlacem.
Supor que as posições do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, cujas posições são neste momento ratificadas por TODOS os Governos do Mundo sem excepção, não passam de um gigantesco equívoquo científico, equivale a acreditar que o mundo é governado por uma gigantesca conspiração que conseguiu controlar todos os orgãos decisórios do Mundo sem excepção.
Ora eu não refuto a possibilidade teórica disso ser verdade. Mas, não me tendo sido revelada a VERDADE nesta matéria, acho muito mais plausível que seja a pequena minoria que recusa a validade científica dos argumentos que apontam para a origem antropogénica do aquecimento quem sofre de um problema psicológico...
Como disse, no entanto, não recuso a possibilidade teórica desta minoria ter razão. Mas a climatologia não é uma especialidade minha, e por isso essa não é uma luta em que me interesse envolver. Estou muito mais interessado no que se passa a JUSANTE dessa questão, isto é, nas políticas tecnológicas decorrentes contra o referido aquecimento.
E, nesta matéria, não tenho dúvidas em subscrever a visão que considera que há uma ideologia que tem dominado o lançamento destas políticas, com origem na Europa e particularmente na Alemanha, e que é uma ideologia pós-moderna na sua negação da ciência, anti-democrática na sua pulsão de mentir aos povos e visar condicioná-los a uma vida que eles não desejam e que recusariam se soubessem o que se lhes prepara, e que é nova. É uma ideologia romântica e, como utópica que é, a realidade que estabelecerá caso suceda nada terá de agradável.
Sinceramente não acredito no sucesso mundial desta ideologia, em 1º lugar porque a Ásia a recusará, e em 2º lugar porque nos EUA e até na Europa há forças que a recusam e que começam a acordar para a necessidade de um combate. Mas em Portugal este combate não existe no espaço mediático, e é aqui que entra o meu blog - um pequeno contributo, bem sei...

Jorge Oliveira disse...

Caro Prof. Pinto de Sá

A minoria que não aceita a posição do IPCC não é tão pequena quanto pensa. Vejo que não tem acompanhado os debates acerca do tema. Claro que, se quiser informar-se, tirando um ou outro blog nacional, terá de recorrer a jornais e publicações estrangeiras, porque em Portugal a comunicação social está muito condicionada, não tem coragem para assumir posições politicamente incorrectas e apenas dá relevo a artigos e intervenções concordantes com a teoria oficial do IPCC.

Para sua referência, faço parte dessa minoria e, até ao momento, felizmente, não detecto em mim próprio sinais de perturbações psicológicas. É claro que não deixo de ter em conta que o próprio é sempre o último a saber, pelo que estarei atento aos avisos de outrem.

Todavia, não pretendo discutir consigo esta matéria. Apenas lhe chamo a atenção para um facto que poderá não ser do seu conhecimento, mas que, como engenheiro e homem de Ciência que é, acredito que lhe causará, no mínimo, alguma estranheza : há já uma dezena de anos que não se observa qualquer aquecimento global, sendo até de recear a entrada num período de algum arrefecimento ! Isto, ao mesmo tempo que o dióxido de carbono antropogénico continua a ser lançado para a atmosfera. Faz pensar…

Quanto à segunda parte da sua resposta, confesso não ter percebido bem a que ideologia e propósitos se refere.

Cumprimentos

Fada do bosque disse...

Caro Professor Pinto de Sá e Caro Engenheiro Jorge Oliveira,

Obrigada por este momento. Foi dos posts e respectivos comentários, que mais gostei de ler em toda a minha vida!