Dias antes dera conta de um trabalho similar publicado em 2009 pela Universidade Juan Carlos de Madrid que era ainda mais radical nas conclusões extraídas e que, em particular, relatava os devastadores efeitos que o rebentamento da "bolha solar" tivera em várias regiões espanholas.
Esta "bolha" resultou da especulação que se criou com a política de concessões de autorizações para "pontos de acesso à rede", em que se procuraram essas concessões não para realizar instalações solares, mas sim para as vender a quem desse mais!
A mesma coisa que se passa por cá com a microgeração e o acesso ao portal das respectivas concessões que, como todos os interessados sabem, foi permanentemente bloqueado por uns "espertinhos"...
Cruzando as fontes do trabalho espanhol com outras que eu conhecia, concluí que a alegação segundo a qual por cada emprego temporário criado pelas renováveis eram destruídos 2.2 não era numericamente rigorosa: por cada emprego temporário será destruído um duradouro, apenas - ou seja, ao fim de uns anos vai-se o emprego temporário e ficam dois desempregados, o do emprego temporário e mais um resultante do aumento do preço da energia. Os números do trabalho espanhol poderão não ser exactos, mas a ideia geral é.
Dias depois do meu post o Expresso noticiou este estudo, e descobri recentemente que este trabalho espanhol já fora publicamente referido por Bjorn Lomborg, o "ambientalista céptico" dinamarquês.
Ora há alguns meses foi publicado um novo estudo alemão sobre a economia das renováveis e o seu impacto na Alemanha, do Instituto para a Investigação Económica do Reno-Westefália, cujo texto pode ser encontrado aqui. O novo trabalho é deveras exaustivo e, além de listar detalhadamente os estudos anteriorermente feitos sobre a questão do emprego na Alemanha associado às renováveis, invocando também a incapacidade recente da indústria alemã conseguir competir no seu próprio mercado com os produtos chineses, faz uma crítica exaustiva ao princípio de subsidiação directa aos produtores de renováveis, particularmente aos da energia solar, implementado pela Alemanha desde 1991 (e também por cá), de que realço os seguintes pontos:
- A subsidiação directa às várias formas de energia renovável desincentiva a inovação, ao garantir um prémio à tecnologia existente. Isto é particularmente grave no que respeita à energia solar, porquanto estimula a manutenção da tremendamente cara tecnologia de silício e desencoraja a Investigação nas tecnologias de películas finas;
- Desincentiva também a competição entre diferentes tecnologias renováveis, ao estabelecer um valor fixo para cada uma; este desincentivo à procura de evolução tecnológica é reconhecido pela Agência Internacional de Energia, que desencoraja o método da subsidiação directa e específica às renováveis
- Desencoraja e distorce o mercado de emissões de carbono. Sendo o preço máximo já atingido da tonelada de CO2 neste mercado de 30 €, como este preço é muito inferior ao do custo das renováveis necessário para evitar a emissão de tal tonelada, o resultado é que as utilities que têm preferido pagar por tais emissões acabam por conseguir os mesmos resultados face à legislação europeia mas a muito menores custos. Daqui resultará uma redução da ordem dos 20% dos lucros das utilities alemãs, e uma subida correspondente dos da ENEL italiana, por exemplo.
Ainda estamos todos à espera que a APREN divulgue o tal estudo...
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