domingo, março 21, 2010

Uma cental nuclear levaria 10 a 12 anos a realizar?

Recentemente e quase em simultâneo, o Ministro da Economia do Governo PS e o ex-ministro do último Governo PSD e actual Presidente da EDP convergiram numa mesma e curiosa afirmação sobre a opção nuclear para o sistema energético nacional: que ela levaria 10 a 12 anos a realizar e, portanto, que isso seria demasiado tempo para as urgências energéticas nacionais. Simultaneamente, e em perfeita convergência de centrão, ambos defenderam a continuação da aposta nas renováveis e em particular a construção dos aproveitamentos hidroeléctricos projectados.
Ora na verdade não há razão nenhuma, na própria lógica em que ambos estes senhores raciocinam, para que a opção nuclear tenha que levar tal prazo a realizar. Basta um ano para realizar o Caderno de Encargos e 4 para a construção, pelo que se quisessem fazer tal opção na realidade em 5 anos, 6 no máximo, poderiam ter a tal central nuclear em Portugal.
Quem apontou para um prazo de uns 10 a 12 anos fui eu, mas porque defendi que tal escolha fosse feita com o tempo necessário para que o país se preparasse e tirasse o melhor partido dela, ao contrário do que tem sido feito com as renováveis e da lógica com que estes senhores raciocinam. Porque, se ainda não tivéssemos feito nenhuma opção relativamente às renováveis e estivéssemos agora a considerá-las pela primeira vez, eu defenderia exactamente o mesmo: que houvesse tempo para o país criar uma indústria nacional com tecnologia própria antes de se começarem a montar eólicas e solares, de modo a que elas fossem de fabrico e concepção nacionais, quando viessem!
A bem das tais criações de emprego e de valor acrescentado de que o país tanto necessita e que têm sido tão mistificadoramente desprezados por estes senhores!

E entretanto, um novo apostador no futuro do nuclear como opção energética principal e no desenvolvimento das respectivas tecnologias e indústrias se está a juntar ao binómio EUA-Japão, à França e à Coreia: a Rússia! Com efeito, há dias o New York Times descrevia os desenvolvimentos em curso na Rússia de reactores relativamente pequenos, de apenas 300 MW e capazes de serem transportados de comboio e adaptados a velhas centrais a carvão onde poderão substituir as fornalhas destas mas aproveitar toda a restante estrutura de produção de vapor, desenvolvimentos que visam mesmo chegar a mini-reactores de apenas 100 MW a produzir aos milhares...

2 comentários:

Anónimo disse...

Descanse Professor,
Quando a Martifer ou a Mota Engil estabelecerem um acordo com um fabricante de reactores, logo a central nuclear passa de projecto tipo «I have a dream» para um projecto do tipo «já estamos atrasados!».
Cordialmente
CTA

Tia Maria disse...

Isso foi o que Espanha dez com a lei das 125cc, http://www.autoportal.iol.pt/noticias/geral/lei-das-125-entra-em-vigor-amanha.

Só depois de as marcas espanholas terem dito que estavam prontas a inundar o mercado com motas especificas, é que se adoptou a lei.

Quem é que ganhou com isso?? A Derbi, a Bultaco, a Montesa, a Ossa e outras.

Alguém falou com a AJP, único fabricante português de motos, para eles construírem modelos específicos?