sábado, julho 31, 2010

Uma nota sobre os carros eléctricos e outra sobre a vaga de calor

Depois de ontem ter aqui comentado a indignação do ingénuo (ou ignorante) público que esperava que os novos automóveis eléctricos viessem baratos e está a descobrir que custam o dobro dos seus concorrentes a gasolina (antes de impostos), vale a pena dar notícia de uma reunião nos últimos dias em Detroit de responsáveis da indústria automóvel com representantes do Governo americano.
Segundo a Scientific American, que publica a notícia, em Detroit, a "capital do mundo das baterias" (os americanos gostam destes exageros, especialmente tendo em conta que quem domina a tecnologia das novas baterias é o Japão), já foram investidos uns 6 biliões de dólares na indústria de baterias, somando os investimentos privados às ajudas do Estado. Mas, segundo a notícia, a indústria quer mais subsídios do Estado e avisa que se não houver mercado para os novos automóveis os investidores privados se "irão embora". E como ao preço e autonomia a que vêm não se vislumbra procura pelo mercado civil, que pede a indústria? Que o próprio Estado compre os carros - para os correios, o exército, etc...
Entretanto, o Nissan Leaf só deverá aparecer por cá já 2011 irá bem adiantado. Ou muito me engano ou ainda havemos de ver os "pontos de abastecimento" da EDP ganharem ferrugem antes de terem sido utilizados...

Entretanto, logo que chegam dias de calor como os actuais, imediatamente os ecotópicos de serviço nos media começam a gritar que a culpa é do efeito de estufa, que aí está a prova do aquecimento global, que os glaciares e o Ártico estão a derreter, etc. Claro que os gelos derretem todos os Verões, especialmente em dias de calor como este. E depois voltam a congelar quando voltar o frio, no Inverno, como acontece todos os anos. Mas disso já os ecotópicos não falam...
Ora especialmente nestas alturas, jogando com a memória curta das pessoas e acicatando alarmes a que as gentes, incomodadas com a vaga de calor, estão mais susceptíveis, aparecem as notícias a dizer que estamos no "ano mais quente do século", que "ontem foi o dia mais quente desde há não sei quantas décadas" e outros alarmes que, como diz Medina Carreira, fariam Goebells sentir-se um menino de coro quanto a técnicas de manipulação de massas.
Uma das atoardas que têm sido lançadas é que o Inverno passado, que toda a gente sentiu no Hemisfério norte como tendo sido excepcionalmente rigoroso, foi dos mais quentes de sempre. Tem, por isso, razão de ser mencionar aqui a discussão sobre o assunto surgida agora na Scientific American, específicamente sobre o facto do Inverno passado ter sido aquele em que mais nevou desde que há registos nos Estados norte-americanos de Leste. Não, não foi um arrefecimento global! Foi uma combinação normal de efeitos regionais e periódicos do clima - em particular uma combinação das oscilações do El Niño e da variação períódica do clima nórdico.
Claro que as variações do clima em pequenas escalas de tempo são normais! E por aí se vê como é manipuladora a publicidade feita por cá ao facto de a temperatura dos dias mais quentes do ano ter subido ligeiramente em Lisboa nos últimos anos, depois de entretanto ter descido nos anos anteriores (coisa que esses propagandistas se esquecem sempre de referir)...!
Uma interessante investigação sobre a evolução da temperatura em Lisboa pode ser lida aqui. Em Lisboa, como em todas as grandes cidades, a construção reduz a velocidade do vento o que, por sua vez, tende a conservar o calor gerado pelas próprias actividades da cidade. Por isso a temperatura média na cidade é mais de 2ºC superior à dos seus arredores, como é normal.
Nota: não nego que esteja em curso um aquecimento global, e até que a actividade humana tenha nisso alguma responsabilidade. Mas não exageremos!...

4 comentários:

Anónimo disse...

Uma achega: os ecotópicos e seus fiéis apreciavam muito um filme de 2006 chamado "Who Killed the Electric Car?". Nesse filme "demonstrava-se" como havia uma teoria da conspiração entre construtores de automóveis e petrolíferas (e outras pessoas más por natureza)para que fosse impedido de comercializar um fantástico automóvel inventado pela GM que tinha uma autonomia incrível, e capacidades ao nivel dos melhores concorrentes.
O filme desapareceu hoje em dia, diligentemente, das prateleiras, talvez porque obrigasse os espíritos mais dotados de lógica a perguntar-se por que diabo a GM, que até faliu, não o comercializou agora, em que seria um fenómeno arrasador de vendas...
Mistérios. Ou de como a a verdade, por vezes, pode vir ao de cima...

Fernando Costa

Anónimo disse...

Os carros eléctricos são uma charada...quanto muito, existem umas motoretas eléctricas muito engraçadas para ir á praia (a Wolkswagen tem uma, muito high-tech que deve custar uma pipa de massa!!).
O meu sogro, que percebe umas coisas de física já não pode ouvir falar em "aquicimento global". Segundo ele, também existe a "corrente" de que estaría-mos a entrar numa época de gelo com Invernos rigorosos e temperaturas globalmente mais baixas.
Portanto, nestas coisas cada um toca a sua musica !

Ass: Romão

Anónimo disse...

Custa um pouco ver uma empresa como já foi a GM reduzida a pedinchar subsídios ao estado americano para desenvolver o fetiche do momento.

Já é capaz de não durar muito...

Uma pena. Se bem que há 30 anos (desde que apareceram os japoneses em cena) que estão em nítida decadência.

Eduardo Freitas disse...

Toda a gente se indigna com os lucros "gigantescos" da banca privada e com a "socialização" dos seus prejuízos que ocorreu na sequência do estouro de 2007/2008.

Ouço muito pouca indignação quanto à idêntica "socialização" de prejuízos da GM, Chrysler ou Ford e que, aliás, já há muito ocorriam antes desta crise. Por que será?