Ontem houve um novo terramoto, de grau 7.1, no Japão. O epicentro deste sismo deu-se a apenas 20 km da central nuclear de Onagawa e a 120 km de Fukushima.
Comparado com o sismo de 11 de Março, este foi apenas um "pequeno" sismo, mas comparado com o que em 2010 assolou o Haiti, foi muito semelhante: praticamente a mesma intensidade (o do Haiti foi de 7.0) e à mesma distância da costa (o do Haiti teve o epicentro a 25 km da capital). O Haiti ficou como a foto documenta e sofreu mais de 250 000 mortos! Quanto ao Japão, fala-se em 2 mortos e 90 feridos, e naturalmente houve destruições!...
Por exemplo, na central nuclear mais próxima do epicentro, Onagawa: o último relatório que a Agência Internacional da Energia Atómica (IAEA) publicou sobre a situação nas nucleares japonesas, há minutos, dá conta que, efectivamente, das 3 linhas de Alta Tensão que alimentam a central (que está em shutdown desde o terramoto de Março), duas foram derrubadas pelo novo terramoto, o que indisponibizou a alimentação das piscinas de arrefecimento de resíduos (que levam, sem alimentação das respectivas bombas de circulação de água, pelo menos uma semana a entrarem em ebulição), mas pouco depois a respectiva alimentação foi reposta. Uma outra central nuclear, também em manutenção (Higashidori), sofreu um "apagão" da rede eléctrica exterior à central, mas o arrefecimento das piscinas foi garantido com os respectivos geradores Diesel. E, em Fukushima, as operações de gestão da crise continuaram como dantes...
Naturalmente, o que desta vez não houve foram maremotos!
Entretanto e relativamente a Fukushima, este relatório da IAEA e os que também regularmente a TEPCO publica dá conta da situação (numa exemplar transparência, contrastante com o "fecho em copas" da nossa TAP quanto à grave avaria do Airbus que vinha do Rio de Janeiro para Lisboa e que teve de aterrar de emergência em Salvador).
Os reactores e as piscinas estão estabilizados, a fuga de água altamente radioactiva das caves para o mar que se detectara foi estancada, e todos os níveis de radioactividade em terra e no mar estão dentro dos limites de segurança legislados!
Claro que Fukushima ainda tem muito trabalho pela frente até tudo estar resolvido, nomeadamente o controlo total do que se passa nos reactores 1 a 3, sem o qual se compreende que o Governo japonês e a IAEA mantenham as medidas preventivas de afastamento das populações até 20 km da central. Nesta, por outro lado, as medidas de segurança da TEPCO relativamente aos seus trabalhadores também garantem a segurança destes, fora acidentes imprevisíveis que têm acontecido mas de pouca gravidade.
Mas, embora de envergadura bem maior que Three Miles Island, logo pelo facto de em 1979 só ter estado envolvido um reactor, a crise de Fukushima continua a ser-lhe essencialmente similar, ou seja, de grau 5 (ver figura anexa para clarificação da escala de gravidade).
Entretanto, o MIT mantém a sua acção pedagógica com esclarecimentos pontuais mas rigorosos sobre este ou aquele assunto mais relevante. Ontem, por exemplo, explicou aqui como são estabelecidos os limiares de segurança contra a radioactividade pelas entidades regulamentadoras. O tema do que se sabe sobre os efeitos da radioactividade é um a que penso voltar em breve, tanto mais que se baseia em muito numa ferramenta que me tem interessado por outras razões: a epidemiologia.
De passagem, uma questão: no seu recente brief (hyperlinkado acima), a IAEA informava: "In addition to those reported in previous briefs, the following countries have submitted monitoring data and/or links to national websites where data is available: Denmark, Germany, Lithuania, Luxembourg, Mexico and Portugal". Que estará exactamente a fazer Portugal nisto?
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