quarta-feira, abril 20, 2011

Não é só cá! (2)

Não é só cá que se verifica uma despudorada campanha de mentira e intoxicação sobre o que se passa em Fukushima! Este excelente post num blog australiano ambientalista mostra como a notícia que por cá passou "plantada" à LUSA pelo sr. Volodomyr Bebechko (de que hei-de voltar a falar a propósito de epidemiologia) passou noutros continentes muito parecida mas com uma origem completamente diferente!
Não admira que com esta campanha maciça, o medo tenha renascido nas populações - mas é isso mesmo que essa campanha pretende: o terror!
E, no entanto, como ontem mencionei, os robots enviados às salas dos reactores mediram 58 mSv/h, 1% do que os trabalhadores de Chernobyl tiveram de heroicamente enfrentar, e a radioactividade acumulada à volta da central é insignificante! Logo que a situação na central esteja controlada (Julho, prevê a TEPCO), as populações poderão voltar às suas casas rodeadas de montanhas de escombros... devidos ao tsunami!
Alguns eco-terroristas persistem em que Fukushima poderá ser uma "Chernobyl em fogo lento", querendo com isso sugerir que a radioactividade emitida é apreciável e que o continua a ser. Mas não é verdade, como mostram os gráficos seguintes da radioactividade nos arredores da central.
O primeiro mostra como as emissões se concentraram nos momentos em que ocorreram as explosões de hidrogénio e o início de incêndio da piscina do reactor nº 4.
A figura seguinte mostra como tem evoluído a radioactividade em diversas pontos próximos da Central: em redução rápida, desde os tais "picos" de Março!
Note-se que a radioactividade ambiente natural é da ordem de 0,3 microSv/h, mas há locais no Mundo em que chega a ser de 5 microSv/h. O limite abaixo do qual não há prova de qualquer efeito patológico é de 12 microSv/h durante um ano seguido (100 mSv/ano), e o limite prudentemente permitido a trabalhadores é metade desse (portanto, 6 microSv/h). Como se vê, até mesmo em Iitate, a povoação para onde os ventos levaram uma maior concentração, a radioactividade já há semanas que caiu abaixo dos referidos 6 microSv/h!...
Logo que tenha tempo hei-de voltar aqui para analisar o que se sabe e o que supõe sobre radioactividade e seus efeitos na saúde. É um dever que assumo: a luta contra a mistificação, a ignorância e o terrorismo obscurantista. Porque a Ciência não é neutra!

8 comentários:

Anónimo disse...

http://www.jaif.or.jp/english/

Francisco Domingues disse...

Caro Professor,
Uma sugestão: colocar os textos que for aqui publicando em, pelo menos, um jornal de referência, para combater a tal desinformação que grassa por aí, proporcionando informação adequada e correcta a muitos mais leitores. Ou nenhum estará interessado em publicar a Verdade dos factos pois o que lhes interessa é o alarmismo?
Creio que, assim, o seu denodado esforço em prol do nuclear teria muito mais impacto e contribuiria para o mudar das mentalidades imbuídas, neste momento, de preconeitos profundos e de ignorância não menos profunda...
Saudações
Francisco Domingues

Francisco Domingues disse...

Caro Professor,
Não o fiz há dias, mas faço-o hoje, no seguimento, do meu comentáro anterior.
Seria interessantíssimo que publicasse a notícia de uma central a carvão provocar 100 vezes mais radioactividade que uma Central nuclear. A China, vê-se com tamanho problema. E, para não continuar a construir uma central de carvão, a cada 1o dias, está-se virando fortemente para o nuclear.
É um dado sumamente importante que importaria divulgar. A China será o "grande" país de amanhã! E, neste nosso querido Planeta, Portugal não está numa redoma de vidro protectora...
Saudações!
Francisco Domingues

Anónimo disse...

E no entanto acabam de declarar uma zona interdita com um raio de 20km.
Algo não bate certo entre a sua opinião e a opinião dos também especialistas no local.

João Silva

Pinto de Sá disse...

@João Silva
Bate totalmente certo, visto que a minha "opinião" são factos. O que o sr. está é a assumir que a interdição da zona de 20 kM, que já era uma zona de evacuação, resulta de algum agravamento de risco. Mas não resulta. Resulta da necessidade de a) garantir que a evacuação realmente se processa, porque uma boa parte da população continuava lá; b) evitar roubos, numa zona evacuada.
Pode ler isso aqui, por exemplo:
"Japanese authorities have decided to revise a marginal portion of the Fukushima evacuation zone and police the area more strictly. The government said the zone is not forced by dose rates within it, but remains a precaution until the plant comes under full control."
E:
"In this morning's press conference chief cabinet secretary Yukiyo Edano explained that the area covered by the evacuation zone does "has no direct relationship" to dose rates being measured. Some people evacuated from Minami Souma have complained that their home shows very low radiation readings and argued that evacuation was not necessary, but Edano underlined the precautionary nature of the zone.
He said the chance remains that the situation could suddenly escalate and in that circumstance it would not be possible to predict where a potential radiological release would go. For that reason it it prudent to use a system of concentric circles for the evacuation and preparedness orders. "When the plant comes under control, we might consider lifting the evacuation," said Edano, but there is no immediate prospect of this: Although no more radioactive release is likely, Tepco's plan for Fukushima Daiichi forsees another six to nine months before reaching a truly stable condition."
Por conseguinte, a evacuação, agora reforçada com a interdição porque as pessoas não querem sair de lá, é uma medida PREVENTIVA, não porque tenha acontecido algum agravamento, mas porque teoricamente ainda pode acontecer.
É o que faria qualquer Governo responsável em qualquer parte do mundo.

Pinto de Sá disse...

Esqueci-me do link quando escrevi "pode ver isto aqui...":
http://www.world-nuclear-news.org/RS_Changes_to_evacuation_zones_2104111.html

Pinto de Sá disse...

@ Francisco Domingos,
Agradeço as suas simpáticas palavras, mas eu não escrevo em prol do nuclear. Em matéria de energias não sou pró nem contra nenhuma, e aliás nem tenho Partido nem clube de futebol nem patrão nesta matéria!
Eu escrevo em prol é da verdade e da Ciência!
Cumprimentos.

RioD'oiro disse...

http://fiel-inimigo.blogspot.com/2011/04/mas-tambem-ca.html