Pergunta do exame de Física do 9º ano:
O sistema solar é constituído pelo Sol e pelos corpos celestes que orbitam à sua volta. Actualmente, considera-se que os planetas que fazem parte do sistema solar são Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno. Em 2006, Plutão deixou de ser classificado como um planeta, embora continue a fazer parte do sistema solar. Actualmente, considera-se que o sistema solar é constituído por quantos planetas?
Outra pergunta do mesmo exame:
Num gráfico mostra-se a temperatura de água a ser aquecida, ao longo de um certo tempo, até que aos 1400 s essa temperatura estabiliza nos 100ºC. Resposta múltipla a escolher pelo aluno: o que ocorreu na água foi: a) condensação; b) fusão; c) solidificação; d) ebulição.
A notícia vem toda aqui.
E receio que quem disser que isto é uma completa aldrabice, seja acusado de estar a chamar ignorantes aos portugueses...
3 comentários:
Esta prática de lobotomia, mascarada de ensino, é fundamental para perpetuar os xuxas do inginhiro no poder... só apetece vomitar! Ao que isto chegou...
Viva caro Engenheiro
Como professor de Física e Química posso dizer-lhe que o ensino destas áreas está uma desgraça.
Menos horas, menos importância por parte dos alunos (induzido pelas facilidades dos exames e pela apenas dada importância à matemática por parte dos media e público geral)), facilidade dos exames, enfim um rol de queixinhas.
Posso informá-lo que no 3ºciclo as escolas ( presente envenenado) têm de distribuir 2,5 blocos por duas disciplinas, Fisíco-quimica e Ciências da natureza (biologia).
Uma delas (disciplina) fica sempre manca.
Um abraço,
José Costa Leme
Caro Professor:
De facto estas notícias são um extremo mau sinal do estado em que a instrução e educação chegaram. Eu estou a acabar o mestrado integrado no técnico e posso garantir que já no meu tempo, nos exames nacionais do secundário em 2006, se começou a notar uma quebra do grau de dificuldade dos mesmos. No ano de 2007 dei explicações a amigos meus que chumbaram no 12º em 2006 e conseguiram passar em 2007 com relativamente boas notas, o que para mim não foi surpresa porque os exames desse ano pareciam ter sido redigidos para "retardados mentais", passo a expressão.
Mas há que analisar o problema na sua raiz. Em primeiro lugar perceber como foi o ensino das gerações anteriores, porque o ensino é um sistema com memória, já que a instrução das gerações seguintes vai depender muito da instrução da geração que a antecede. Por exemplo um pai se nem o 4º ano de escolaridade tiver, será muito difícil (mas não impossível) de incutir métodos de trabalho, de estudo ou mesmo na criação de um ambiente propicio à aprendizagem no seio familiar. Trata-se de um problema de mentalidade, que quer-se queira quer não, ainda está muito atrasada em Portugal.
Uma boa educação passa por expor o educando ao máximo numero de experiências, de forma a motivar e estimular o seu pensamento critico e a adaptação a adversidades. Se uma família praticamente não tem possibilidade de sair sempre o mesmo sitio, emersos sempre no mesmo ambiente, por vezes degradante e pouco intelectualmente estimulante, não é de esperar de quem quer que saia daquela "figura", tenha um futuro académico promissor. É claro que há excepções.
A minha mãe com 50 anos conta-me como era o ensino no tempo dela. Nas escolas públicas que frequentou, os alunos oriundos de famílias carenciadas era postos de parte. Eram colocados nas filas de trás, por vezes com falta de vista, enquanto que os alunos de famílias ricas, e por isso também com outras capacidades de socialização e do próprio registo oral, eram sempre os que participavam activamente nas aulas.
Ora isto coloca logo de parte uma grande percentagem dos cidadãos que logo à nascença podem ter sido colocados de parte do sistema educativo, e que no futuro (agora) sem instrução, mais facilmente fazem parte do grupo de pessoas desempregadas por falta de formação. O que explica também porque é que em Portugal o emprego é pouco qualificado e se observa tanta gente a emigrar.
É claro que agora a situação agravou-se, porque os pobres de antigamente continuam a ser os pobres de agora, e muito provavelmente alguma da classe média de antigamente passou a ser pobre agora.
Com a entrada de Portugal na União Europeia houve a necessidade de melhorar o ensino para estarmos ao nível dos outros estados membros. O ensino melhorou em algumas vertentes, nomeadamente nos cursos profissionais e no próprio acesso ao ensino superior, mas o problema estatístico continuava a existir. No executivo do PS decidiram fazer o "dumb down" (estupidificação) dos exames para melhorar as estatísticas, resolvendo esse probleminha estatístico.
Se querem a minha opinião, eu acho que o culpado disto tudo é a União Europeia, porque parece engolir estas estatísticas cegamente sem perceber como é que são obtidas. Aliás, não me admira esta falta de supervisão da União Europeia dos seus estados, já que deixou que os Gregos os enganassem com as contas públicas, durante quase mais de uma década. Se a UE de facto quer melhor ensino, então que mexam os cordelinhos e façam auditorias às escolas, proponham medidas, em vez de andarem permanentemente a sugerir sanções e a emprestar dinheiro sem saberem muito bem para onde ele vai.
Enviar um comentário