terça-feira, abril 26, 2011

O mix eléctrico europeu. II - Norte e Leste

Na parte I deste texto, percorri metade da União Europeia de 27 países em que estamos integrados, de Espanha à República Checa, caracterizando sumariamente o respectivo mix energético. Deixei de lado, por irrelevantes e por terem condições particulares que os tornam incaracterísticos, Chipre e Malta, e também deixarei o Luxemburgo, na viagem de regresso. Como se viu, dos países visitados apenas um não tem nem quer ter energia nuclear: a Áustria!

Viajando agora para norte da República Checa, chegamos à Alemanha, o coração da União, o seu motor económico e também o seu país mais populoso. Com 82 milhões de habitantes (7 dos quais estrangeiros), a Alemanha consome 13 vezes a nossa electricidade, o que significa ter 140% do nosso consumo per capita - uma excelente conservação energética, comparando com outros países vizinhos e tendo em conta o seu alto poder de compra!
Desde 1998, data em que o partido Verde chegou ao poder através de alianças com os partidos tradicionais, que a Alemanha proclamou uma voluntarista estratégia "green" visando ter 50% da sua electricidade de origem renovável. A Alemanha foi o primeiro país em que os "verdes", um movimento ideológico internacional de raízes germano-flamengas nascido na extrema-esquerda dos anos 60, e nos movimentos pacifistas (anti-americanos) e anti-nucleares dos anos 70 e 80, chegaram ao poder, apesar de terem menos de 11% do eleitorado.
Uma das primeiras conquistas dos "verdes" alemães foi o compromisso de abandono da energia nuclear na Alemanha em 2000, espírito que com toda a evidência passou também a dominar a política energética do Directório de Bruxelas. É entretanto de notar que, já quando da reunificação alemã em 1990, todos os 5 reactores nucleares da Alemanha de Leste foram encerrados por alegada falta de segurança, o que se inseriu num forte sentimento anti-nuclear que se estabeleceu após Chernobyl (a Alemanha também apostara no nuclear depois do choque petrolífero de 1973, como a França). No entanto, a ideologia dos "verdes" alemães deve ser confrontada com a realidade do seu país.
Ora, contrariamente à filosofia "green" a que a Alemanha tenta conduzir os seus parceiros europeus, a grande fonte da sua electricidade, 46% dela, é... o carvão! Na verdade, a Alemanha só é superada no uso de carvão para produção de electricidade pela China, pela Índia e pelos EUA!
Depois do carvão, a principal fonte da electricidade alemã é... o nuclear! Os seus 17 reactores nucleares geram agora apenas 19% da electricidade consumida, mas há 5 anos geravam 23% e há uma década geravam 27%! De facto, é o nuclear que tem sido o alvo principal dos "verdes", e não as emissões de CO2! E a pressão é de tal ordem que a Siemens, o principal suporte tecnológico e industrial da energia nuclear alemã, tem mesmo vindo a abandonar essa tecnologia, como o atesta a muito recente venda à AREVA francesa da sua parte na parceria que tinham!
Presentemente, dos 35% de electridade gerada sem origem no carvão e no nuclear, 18% são satisfeitos por gás natural importado da Rússia, tendo sido atingidos 17% de origem renovável, de que só 6.5% é eólica (com um péssimo factor de utilização médio de 18%), enquanto o resto se baseia em caríssimo solar, hídricas (3.5%) e, sobretudo, biomassa. Com isto, não admira que a Alemanha tenha a 2ª electricidade mais cara da Europa e que é ainda agravada com um pesado IVA de perto de 20%, redundando num preço ao consumidor que é 50% superior ao nosso!
No entanto, a Alemanha lidera a tecnologia destas fontes renováveis e 80% do mercado alemão de energia eólica é satisfeito por indústria alemã, particularmente pela ENERCON, que também domina o panorama português por decisão de Comissões nomeadas pelo nosso Governo. Como em tempos mostrei, os alemães consideram a subsidiação à energia eólica pelos outros países da União indispensável à prosperidade da sua evoluída indústria de aerogeradores.
Nos últimos anos, o Governo de Merckel tinha vindo a arrepiar caminho na desnuclearização da sua produção energética, dada a impossibilidade de cumprimento das reduções de emissão de CO2 sem o nuclear e com a importância que tem o carvão no país (47 mil empregos). Em 2009 a decisão de encerramento das centrais nucleares acordada com os "verdes" em 1998 foi cancelada, e em 2010 foi autorizada a extensão a 60 anos da licença de funcionamento das centrais perto de atingirem 40 de vida mas, no mês passado, depois de Fukushima e da derrota eleitoral do seu partido, Merckel recuou e fechou as nucleares mais antigas! Com isto e para já, não restará à Alemanha outra solução que o reforço da geração a carvão e das emissões de CO2...!
Esta política alemã pode ser classificada com uma expressão que traduz a defesa da ecologia para os outros mas colocando os seus interesses nacionais primeiro: "nacional-ecologismo"! Com efeito, esta política tem tanto de utopia irracional como de impositiva para os países vizinhos...

Outro dos países vizinhos com que, precisamente, a Alemanha tem tentado ser impositiva, é a Polónia. A Polónia, com uma população semelhante à de Espanha, tem um PIB per capita intermédio entre o da Eslováquia e o da República Checa e um consumo também per capita de cerca de 80% do nosso, apesar do clima frio e de preços da electricidade que são apenas 70% dos nossos antes de IVA.
A situação e a estratégia de futuro polacas têm semelhanças com as da República Checa: a percentagem de electricidade produzida a partir do carvão é ainda maior, 90% (!), com 5% para  gás natural e cerca de outro tanto para renováveis (predominantemente hídricas e biomassa)
Entalada entre as pressões para reduzir as emissões de CO2 e a dependência de fornecimento de gás natural da Rússia, a Polónia decidiu apostar na substituição do carvão pelo nuclear, complementando-o com renováveis sobretudo criadoras de emprego - biomassa e biogás, e um pouco de eólica também. A 4 de Junho passado, em entrevista à nossa Vida Económica, a Ministra da Energia da Polónia explicava a aposta do seu país para o cumprimento dos compromissos europeus no domínio da redução de emissões e de energias renováveis: a decisão de substituir o carvão pelo nuclear, e a aposta, além de na eólica, na biomassa e no biogás, que irão ter lá maior peso que cá. E a Ministra justificava: "... prevê-se a criação de cerca de 2 mil centrais a biogás na Polónia. São centrais relativamente pequenas a instalar em todo o país para complementar e criar uma nova fonte de rendimento para o sector agrícola".
O plano polaco, que vem germinando há já alguns anos (de facto desde os anos 90), inclui a devida preparação de recursos humanos e aponta para uma primeira central de 3000 MW, de localização a comprometer em 2013 e construção a iniciar em 2016, para estar pronta em 2020. Nem mesmo os recentes acontecimentos de Fukushima tornaram o apoio popular a esta estratégia inferior a 50%.
Quem já manifestou o seu desagrado com a opção polaca foi a Alemanha. O Presidente do Estado alemão de Bradenburgo pediu à Polónia para desistir do seu projecto (já aprovado pelo Parlamento), ao que o Primeiro-Ministro polaco respondeu: "Calls from a friendly political leader from the other side of the border, Mr. Platzeck, for Poland to stop the project appeared somewhat inappropriate to me. A country that has about 16 nuclear power plants shouldn’t be too concerned with our plans to build the most modern plants available on the market". E o Primeiro-Ministro polaco acrescentou: "We can’t succumb to hysteria about it [Fukushima Daiichi],” ... “The reason for radiological risks in Japan isn’t an accident at the nuclear plant, but an earthquake and tsunami"!...

Da Polónia passamos aos pequenos e pobres estados bálticos.
A Letónia tem 2,2 milhões de habitantes, mas é um país pobre, com metade do consumo energético europeu per capita, apesar do seu preço da electricidade ser dos mais baixos da União (2/3 do nosso). 65% da sua geração eléctrica é hídrica, complementada principalmente com gás natural importado, o que lhe dá o estatuto de país(ito) da União com maior percentagem de energia renovável.

Por outro lado a Lituânia tem 1/3 da população portuguesa (3,37 milhões de habitantes) e caracteriza-se também por uma pobreza considerável, tendo a sua electricidade um dos preços mais baixos da União (65% do nosso) mas mesmo assim um consumo per capita pouco superior ao nosso, apesar do clima gélido. 78% da sua electricidade era de origem nuclear própria, mas o seu mix também inclui 15% de renováveis, essencialmente biomassa. O resto é gerado principalmente a partir de petróleo. Porém, em 2009, a Lituânia foi compelida pela União Europeia a encerrar os seus reactores russos, ficando desde então na penúria energética e quase completamente dependente da Rússia para o fornecimento de electricidade.
Em 2007, entretanto, os três estados bálticos e a Polónia acordaram na construção em parceria de uma central nuclear de 3200 MW (2 reactores modernos) na cidade de Visaginas, perto da fronteira russa. Nos finais de 2010 um concurso internacional para o fornecimento de reactores foi anulado, tendo-se decidido avançar para negociações directas, após reafirmação do apoio ao projecto pelos governos dos 4 países parceiros. Uma potente linha de 400 kV será construída em 2015 entre a Polónia e a Lituânia, e a central espera-se que entre em funcionamento em 2020.

Finalmente a Estónia tem apenas 1,3 milhões de habitantes, e por isso apenas noto que é razoavelmente desenvolvida (o "tigre báltico") e que gera 90% da sua electricidade a partir de um espesso óleo xistoso nacional. O preço da sua electricidade é o mais baixo da União depois do da Bulgária, e a Estónia tem projectado o seu crescimento energético co-participando na central nuclear de Visaginas na Lituânia, embora a Rússia também a pretenda envolver num projecto alternativo de uma nuclear sua em Kalinegrado.

Dos pequenos estados bálticos passamos à Escandinávia, chegando à Finlândia. Com pouco mais de metade da população portugesa, o seu consumo per capita é no entanto 3,4 vezes o nosso (!), de facto o maior da União, com um preço que é, antes de IVA, 70% do de cá.
A base da geração de electricidade finlandesa é a energia nuclear com 4 reactores (30%) e o carvão (30%), mas a Finlândia sofre de um défice energético crónico e importa 13% da sua electricidade. A biomassa e a queima dos lixos geram 16% da restante electricidade, as hídricas 14%, e as eólicas quase nada (0.5%), mas a produção termoeléctrica é também usada para gerar calor para aquecimento urbano.
A Finlândia prevê colmatar o seu défice energético e fazer face ao futuro reforçando a aposta na energia nuclear, relativamente à qual desenvolveu uma exemplarmente apurada tecnologia de exploração. Com um moderno reactor de III geração actualmente em construção pela AREVA, tem ainda projectados mais 2, após aprovação parlamentar com apoio de 60% dos eleitores; os 4 existentes são metade de origem russa, e metade de origem sueca (ABB). O que está em construção deverá entrar em operação em 2013 e,  no conjunto, quando todas prontas, as centrais nucleares finlandesas deverão cobrir 60% do consumo nacional.

Da Finlândia passamos à Suécia, que tem um consumo per capita pouco menor que o finlandês (3,1 vezes o nosso) e uma população pouco inferior à nossa (9,35 milhões). Auto-suficiente energeticamente, 45% da sua electricidade é de origem hídrica (barragens situadas no norte do país), mas 40% é nuclear. O resto é essencialmente biomassa, e um pouco de todas as outras, incluindo 1.6% eólica. O preço da electricidade sueca é praticamente igual ao nosso sem IVA, mas o seu IVA é de cerca de 20%, enquanto o nosso é de 6%; ou seja, o Estado lá financia-se na energia!...
Relativamente ao futuro, a Suécia tinha decidido em 1980, após o acidente de Three Miles Island,  não renovar os seus 10 reactores nucleares de fabrico nacional quando atingissem o seu fim de vida, mas essa decisão, nunca posta de facto em prática, foi revogada em 2010. No entanto, a energia nuclear é ali penalizada com um imposto especial de 0,67ç/kWh, mais reforçando o financiamento do Estado com a energia. Quanto ao futuro, a Suécia sofre de uma ambiguidade persistente: uma maioria da população diz-se anti-nuclear, mas quando sondada sobre a forma de energia preferida para a substituição do nuclear de que dispõe e colocada perante as alternativas, a resposta maioritária é... energia nuclear!

O último estado escandinavo da União é a Dinamarca, o país com a electricidade mais cara do Mundo: 140% do preço da nossa sem IVA e ainda penalizada por um IVA de 20%!Apesar disso, os 5,5 milhões de habitantes da Dinamarca consomem per capita o mesmo que os alemães (140% do que nós consumimos), e a Dinamarca passa por ser a campeã das energias renováveis, dado ser assumidamente anti-nuclearista (desde 1985) e ter o maior e mais antigo fabricante e exportador de aerogeradores do Mundo: a VESTAS. No entanto, também aqui a realidade deve ser comparada com os princípios anunciados.
Praticamente metade da electricidade dinamarquesa é produzida a partir de... carvão (49%)! Depois, e em pé de igualdade com a energia eólica (19%), o gás natural,  e os 13% restantes são divididos pela biomassa (6%), queima de lixos e petróleo. Como se vê, a Dinamarca está longe de dar o exemplo na "luta contra o aquecimento global" que promove internacionalmente e que interessa à exportação dos seus aerogeradores!

Passando à vizinha Holanda, um país com metade da área de Portugal mas 16,7 milhões de habitantes, um preço da electricidade sem IVA ligeiramente inferior ao nosso mas penalizado com 20% de IVA. A Holanda tem um consumo per capita de 155% o nosso, e importa 13% da electricidade que consome. Da que produz, a principal parcela é gerada por gás natural (59%), mais de metade da qual em cogeração. O resto é gerado por carvão (25%), biomassa e lixos (6%), eólicas (4%) e um pequeno reactor nuclear (4%).
Recentemente a Holanda estudou a melhor estratégia a adoptar para a descarbonização da sua produção energética com vista à redução das emissões de CO2 definida pela União para 2020, concluindo que, para além de um substancial incremento de energia eólica (que não deverá ultrapassar 14%, de modo a evitar os custos adicionais de armazenagem e reserva a gás), o grosso deverá assentar na energia nuclear. Uma 1ª grande central nuclear de 2500 MW deverá começar a ser construída em 2015, para operação em 2019, de fabrico americano-japonês (AP1000), e há outro consórcio já a preparar uma segunda central nuclear.

Descendo à Bélgica, um país tradicionalmente conservador, verifica-se uma curiosa contradição: politicamente, tanto o Governo como boa parte da população é anti-nuclearista, mas na prática o que se verifica é o seguinte mix de geração eléctrica: 53% da electricidade é de origem nuclear (7 reactores), 37% de origem em carvão e gás natural, e o resto divide-se em partes iguais entre eólicas e biomassa!
Quanto ao futuro, a Bélgica propõe-se duplicar a parcela de fontes renováveis de electricidade (mantendo a paridade entre eólicas e biomassa), para 20%, em 2020 - o que lhe poderá substituir metade da geração a combustíveis fósseis, mas não mais que isso...! A Bélgica tem praticamente a nossa população embora vivendo num terço do nosso território, mas consome quase o dobro (186%) da nossa electricidade, com um preço da mesma de 113% o nosso antes de IVA, mas com o habitual IVA de 20%.

Para terminar o tour, as ilhas grandes: Irlanda e Reino Unido. A Irlanda tem uma produção de electricidade que é praticamente metade da nossa e, sendo uma ilha eléctrica, teria muito dificuldade em gerir uma grande central termoeléctrica. Por isso não admira que 50% da sua geração seja a gás natural, 30% a carvão, 12% a gasóleo, e 5.5% de renováveis. Com bom vento na sua orla costeira, é daqueles países onde faz sentido económico maximizar a componente eólica, e com efeito a Irlanda tem uma excelente regulamentação técnica na matéria. O seu consumo per capita é praticamente igual à média europeia (120% do nosso) e o preço da electricidade também 120% do nosso, devido também a um IVA duplo do nosso...

Finalmente, o Reino Unido (UK). A produção de electricidade deste país é 7,6 vezes a nossa, com um consumo per capita de 125% o nosso (o UK tem 62 milhões de habitantes). O preço da electricidade é ali 12% inferior ao nosso, sendo o único país da União onde o IVA é também ligeiramente inferior ao nosso, 5% - mas só para as famílias; para as empresas o IVA é perto do usual, 17.5%.
As fontes de geração eléctrica no UK são, por ordem decrescente de importância: gás natural (44%), carvão (28%), nuclear (18%) e renováveis (7%) - biomassa (3%), eólica (2.5%) e hídrica (1.5%).
Nos finais dos anos 90 a energia nuclear detinha uma quota de produção de 25%, gerada em 19 reactores de concepção e fabrico ingleses, e o carvão também muito mais que actualmente (35%), mas o encerramento gradual das velhas centrais nucleares à medida que atingem o fim de vida, e a necessidade de reduzir as emissões de CO2 do carvão, têm levado a uma quota crescente de gás natural. Este tem já por origem a importação em 50%, e tê-la-á em 75% em 2015 à medida que as reservas geológicas nacionais de gás se esgotarem, o que coloca o UK numa indesejada situação de dependência energética.
Por esta razão, e também pelo compromisso do UK em reduzir as emissões de CO2, a enunciada estratégia britânica para o futuro baseia-se em dois eixos: o reforço das renováveis, e a substituição das velhas centrais nucleares por novas.
Existem planos dos ecotópicos e do lobby eólico para levar a energia eólica até 20%, valor praticamente impossível de gerir dada a intermitência do vento, mas que deve ter em conta que a costa do UK tem das melhores condições da Europa (factor de capacidade médio do vento de 30%). Porém, mesmo com tal percentagem ainda haverá mais de 70% de electricidade gerada por meios térmicos, e por isso o Governo do UK alterou em 2006 a política desfavorável ao nuclear que tinha tido até aí, nos últimos anos.
Em resultado desta alteração constituiram-se dois consórcios para a construção de novas centrais nucleares no UK: a Horizon Nuclear Power e a NuGeneration. Esta última projecta iniciar a construção de uma central de 3200 MW em 2015 (AREVA), e a primeira planeia ter 6000 MW, com reactores AP1000 (Toshiba-Westinghouse) - todos de III geração.

Como se vê, a cortina de silêncio, que os nossos ecotópicos e os interesses económicos com eles aliados alimentam, esconde uma realidade muito diferente da propagada!

4 comentários:

Anónimo disse...

Antes de mais os meus parabéns por um artigo que mereceria,sem dúvida, um lugar de destaque num jornal sério.

Deixo uma pequena provocação... Se fosse possível relacionar o preço da energia (antes de impostos) com o Mix de produção acho que se chegaria a uns resultados interessantes.

Anónimo disse...

Reparei que saltou a Noruega nos paises escandinavos, um pais com uma componente hidrica muito forte (acima dos 90%) e com alguma importacão de nuclear da Suécia, umas quantas eólicas salpicadas pelo pais (não expande mais devido a problemas com as populacões locais e turismo das fjords) e com queima de biomassa/residuos urbanos. No entanto, já ouvi falar na possibilidade de construirem uma central de gás natural.
A construcão de energia nuclear não é considerada relevante devido à quantidade de energia hidrica disponivel e em condicões de ainda vir a ser explorada.
Luís Aleixo

Pinto de Sá disse...

Caro Aleixo,
"Saltei" a Noruega porque a Noruega não pertence à União Europeia, e o meu objectivo era apenas situar a política energética do nosso país, alegadamente feita em obediência a Directivas Europeias, no contexto das dos restantes países da União.
Quanto ao que diz da Noruega, é um facto: 98.5% da sua electricidade é de origem hídrica. Já a sua vizinha Suécia também tem uma importante parcela hídrica, 45%. Isso resulta do aproveitamento dos degelos.
Na verdade, os 3 países - Suécia, Noruega e Dinamarca - fazem uma interessante gestão conjunta do seu mix, numa associação denominada NORDEL.

Anónimo disse...

Grande post!
A conclusão que eu tiro disto tudo é que o anti-nuclearismo não passa de um cinismo e hipocrisia pegada, alimentada e perpetrada pelo saque que é a subsidiação das renováveis. É simplesmente mais outro esquema de tirar aos pobres para dar aos ricos. Depois falam de políticas verdes... quando são os que mais emissões de dióxido de carbono produzem (Alemanha).