quarta-feira, janeiro 06, 2010

Ainda o negócio com peras!


Como um leitor sabedor me notou, e bem, o valor da energia eléctrica no mercado ibérico tem estado mesmo a ZERO, nestas madrugadas em que tanto em Portugal como em Espanha tem feito muito vento e ao mesmo tempo chovido, em que o consumo é pouco e em que não se pode, por lei, desligar as eólicas (que fazem nestas alturas bom dinheiro, a 9-10 ç/kwh).
Pelo que temos mesmo estado a despejar energia em Espanha... grátis! E a Espanha a passar essa energia para França, que provavelmente a despeja na Itália ou mais para Leste...
A Espanha, ao menos, está a subsidiar a sua própria indústria de turbinas, que emprega lá mais de 7 mil pessoas e que tem fábricas de montagem na China e nos EUA, embora já tenha conhecido melhores dias...
Alguém, entretanto, sugeriu que essa energia em trânsito de Portugal para Leste se perde a aquecer as linhas de Transporte, mas não é assim que o Sistema eléctrico funciona.
O que acontece é que a Espanha consome junto da fronteira a energia em excesso que lhe despejamos e de que ela não precisa, e passa para França energia sua produzida perto da fronteira francesa, e a França, que também não precisa desta energia, fará o mesmo, obviamente.
Como notou o leitor que me lembrou que visse as cotações da energia, se o mercado fosse mesmo livre, teríamos de pagar a Espanha para ela aceitar encaixar a nossa excedentária energia eólica. Assim temos sorte, eles aceitam-na de borla...
Quem recebe sempre e não tem que se preocupar com nada disto são os produtores eólicos.

5 comentários:

Anónimo disse...

Caro Prof. Pinto de Sa',

Existe uma lei do governo Chines que obriga a que mais de 70% dos componentes das turbinas eolicas sejam fabricados dentro da China.
Sei que na realidade essa percentagem e' ainda maior. So componentes que a industria chinesa ainda nao consegue fabricar com o mesmo grau de qualidade sao importados (eg rolamentos.
Assim, tanto a Gamesa como a Acciona nao exportam turbinas para a China. Nem sequer exportam "espanhois" para la ja que 'a excepcao do topo da direccao, todos os trabalhadores sao chineses.

Nao conheco em pormenor as realidades dos outros dois paises - India e EUA. Mas a industria espanhola de turbinas eolicas nao exporta grande coisa para la.

Se metade do que fabrica vai para exportacao, essa producao tera' de ir para outros paises. Calculo que para paises europeus.

JM

Pinto de Sá disse...

Tem razão, citei de memória e devia ter ido consultar o meu próprio post escrito há meses.
Já corrigi. A GAMESA só tem 7 mil trabalhadores (e não 20 mil - isso é o total de empregos em Espanha pela energia eólica) e o que instalou na China e nos EUA foram fábricas de montagem, como eu próprio tinha escrito...
Obrigado pela nota!

Anónimo disse...

Porque teriamos de pagar a Espanha para receber a nossa energia excedentaria quando eles a podem sempre passar para o leste? Ou sofrem todos os paises a leste de excesso de renovaveis durante o vazio?

Obrigado pelo blog!
JM

Pinto de Sá disse...

Porque apesar de Éspanha ter podido passar a energia à França, o serviço que nos prestou sempre lhe causou algum transtorno, tendo de adaptar a sua gestão de rede a esta tarefa.
Além de que se alguém precisa de um serviço nosso, em geral fazemo-nos pagar, no mercado...

Anónimo disse...

O gráfico do dia 1 é ainda mais interessante são nada mais do que 17 horas a zero.