segunda-feira, julho 20, 2009

Ganhe dinheiro reduzindo o aquecimento global!

Agora que jorram as promessas de subsídios a encorajarem o ser-se "green", lembrei-me de vos propor algumas práticas simples que vos pouparão algumas dezenas de euros mensais e que vos darão a boa consciência de estarem a contribuir para a redução da emissão de CO2.
Não são novidades, mas...
Na condução:
  1. Se não tem um automóvel híbrido, procure evitar travar, quando guia. Para não ter de travar, antecipe os sinais vermelhos ou as filas de carros paradas e deixe-se ir só com a inércia do carro até lá. Quando trava, a energia cinética que o carro leva perde-se - na verdade, como a energia não desaparece mas apenas se transforma, essa energia cinética transfere-se para os discos dos travões na forma de calor, que se perde na atmosfera. O que poupa ao evitar travar, claro, é a energia cinética que teve de imprimir ao carro no acelerador até descobrir que tinha de travar. Além disso poupa pneus e travões. Pela minha experiência, esta prática bem treinada poupa até 25% do consumo na cidade.
  2. Nos circuitos de baixa velocidade, cidade e passeios de domingo pela marginal, evite ligar o ar condicionado do carro. Em vez disso, abra as janelas e ligue a ventoinha do automóvel.
  3. Pelo contrário, na auto-estrada ligue o ar condicionado mas feche os vidros todos. Melhora a aerodinâmica.
  4. Pense se vale a pena ir a 180 km/h na auto-estrada em vez de 140. Numa viagem de uma hora até ao emprego, em que apenas meia hora é na auto-estrada, só poupa 7 minutos no total dessa hora de deslocação. Mas esses 7 minutos poupados custam-lhe mais 65% de consumo na meia hora de auto-estrada, porque a essas velocidades a principal resistência que o carro tem de vencer é a do ar, e a potência necessária a aplicar para isso cresce com o quadrado da velocidade! Portanto, esses 7 minutos custam-lhe mais 3 litros de gasolina... e nem estou a falar dos riscos de multa e de segurança!

Nos edifícios:

  1. Em casa, em vez de ar condicionado instale daquelas ventoinhas coloniais no tecto (como a da cena inicial do filme Apocalipse Now). Algumas incorporam candeeiro e são tele-comandadas. São silenciosas (por terem uma grande área de circulação relativamente lenta), eficazes sem fazerem voar papéis (grande "caudal" mas baixa "pressão"), e gastam muito menos energia que o ar condicionado. E são muito mais baratas e mais saudáveis.
  2. No trabalho, convença o chefe a adoptar a prática japonesa: no Verão prescinda-se da gravata e do casaco durante o trabalho. E regule o ar condicionado para 23ºC, e 20ºC no Inverno. A diferença não se sente porque anda-se sempre com mais roupa no Inverno que no Verão, e cada ºC a menos na regulação do ar condicionado é menos 8% de consumo de energia que vem das centrais a carvão (no Verão há pouco vento e pouca água nos rios). Talvez não saiba, mas o ar condicionado que se generalizou em Portugal a partir dos anos 90 consome tanta energia eléctrica que em muitas redes eléctricas o "pico" de consumo deixou de ser no Inverno e passou a ser no Verão...!
  3. Recuse ter de pagar por contadores "gestores da procura" e "smart grids" que lhe querem impor como é que há-de viver e a energia que há-de gastar, como e quando.

4 comentários:

Pêndulo disse...

Poderia detalhar o último ponto, relativo a contadores e smart grides, pois desconheço sobre que falou?
Obrigado.

Pinto de Sá disse...

Num próximo post hei-de desenvolver essa questão.
Está-se a investir muito dinheiro público e não só nesse projecto, uma ideia que nasceu em Bruxelas e que a Administração Obama adoptou, mas que nos EUA ainda está em pré-avaliação.
Na Europa (e Portugal) a ideia assenta numa visão romântica muito futurista em que nenhum dos seus pressupostos existe ou está sequer em vias de existir.
Os EUA são mais realistas e lá as coisas têm muito mais discussão técnica aberta que na Europa, onde pouca gente entende do assunto e, a maioria dos que entendem cala-se porque também querem apanhar algum do muito dinheiro envolvido na coisa.

Anónimo disse...

"Ganhe dinheiro reduzindo o aquecimento global!"

"(...) contribuir para a redução da emissão de CO2."

Pensava ser agnóstico quanto à influência humana no aquecimento global, nomeadamente pelos suas emissões de dióxido de carbono.
Quer mantenha ainda esse ponto de vista ou não, só tenho que o congratular por ter submetido este post apesar disso.

Pinto de Sá disse...

E sou agnóstico!
Disse-o há semanas, e este post foi escrito há quase 2 anos.
Claro que as medidas que aconselhei neste post tanto servem para reduzir as emissões de CO2 como o consumo em geral de energia, "sem dor", o que me parece altamente recomendável na época de penúria em que estamos.
Mas havia outro objectivo no post, que era a crítica implícita e irónica às "smart grids".
E já agora: ser agnóstico não é o mesmo que ser ateu. É ser agnóstico.